14/10/2025

Ninguém é profeta na sua terra

Com a vitória, por maioria, da lista do PSD na eleição para a Assembleia de Freguesia de Guisande, encabeçada por Johnny Almeida, Rui Giro é também uma das figuras eleitas e vencedoras e em princípio virá a assumir o importante cargo de presidente da Mesa da Assembleia. Também foi eleito directamente para a Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira.

Em bom rigor, qualquer elemento de qualquer uma das listas, com alguma preparação, poderia desempenhar essa função, mas convenhamos que é um cargo de responsabilidade e que exige alguns conhecimentos legais ligados às funções, competências e funcionamento deste importante órgão do nosso poder autárquico. Resulta deste pensamento que alguém com formação em Direito, estará, óbviamente, mais capacitado para o cargo.

Mesmo nos elementos agora eleitos pelo PSD, temos a Inês Bastos, advogada e jurista na Câmara Municipal de Albergaria a Velha, que bem poderia desempenhar esse papel com qualidade e competência. Isso também demonstra que a lista do PSD apresentou-se com gente jovem mas com formação superior no que, convenhamos, não sendo determinante, é sempre importante. 

Não obstante, e não tendo qualquer certeza ou indicação disso, creio que será mesmo o Rui Giro a vir a assumir essa responsabilidade, desde logo pela larga experiência, pois, recorde-se, já foi presidente da Assemblei de Freguesia ainda no tempo anterior à União de Freguesias, depois também já na União de Freguesias, para a qual foi eleito nos mandatos de 2014/2017, 2017/2021 e 2021/2025, para além de ser o presidente da Assembleia Geral da Associação do Centro Social S. Mamede de Guisande.

Sei eu, sabe o próprio, que em Guisande, junto de uma certa franja de pessoas, tem existido algum preconceito ou má impressão à volta da sua figura. Quanto a mim, de forma injusta, mas que como explicação, resultará de alguma inveja pessoal ou de facção,  bem como  resquícios de alguns  atritos do passado, nomeadamente decorrente do processo em que depois de difamado publicamente em contexto de uma assembleia de freguesia. A defesa do bom nome é um direito que todos temos pelo que o seu bom nome foi defendido na Justiça. Esta actuou e quem difamou sem qualquer provas e fundamentos foi naturalmente condenado. A decisão não agradou aos que na ocasião defenderam o difamador pactuando com a difamação. Um episódio triste mas marcante e que em parte ajuda a explicar um certo mau estar que ainda parece subsistir, mesmo que já passados mais de vinte anos.  Quem não se defenderia perante uma difamação torpe no contexto de um órgão de poder local?

Por outro lado, na sua profissão de advogado, nomeadamente em causas a envolver guisandenses, naturalmente que provoca sempre algumas antipatias do lado a quem a Justiça não dá razão, o que é natural mas injusto. A Justiça, gostemos ou não, seja lenta ou susceptível de ser subvertida por quem tem dinheiro e poder,  deve ser cega e não se compadecer com o que não respeitar a lei e os direitos de cada um, seja pessoa singular ou colectiva. Os advogados, todos, têm este ónus contra si, o de serem defensores, ora de Deus ora do diabo, por conseguinte agradando a uns e desagradando a outros.

Por conseguinte, conhecendo o Rui Giro desde os meus tempos de escola primária, e com ele estive na fundação e actividade da Associação Cultural da Juventude de Guisande, do jornal "O Mês de Guisande", da Rádio Clube de Guisande e depois na fusão e actividade com a Associação Cultural de Guisande "O Despertar", por isso mais de duas décadas ligadas ao associativismo e à cultura na nossa freguesia, compreendo alguns dos factores para essa antipatia e até algum preconceito, mas que, como disse, considero totalmente injustos e imerecidos.

Queira-se ou não, goste-se ou não, o  Rui Giro é uma pessoa interessada pela sua freguesia e nela tem sido uma importante figura, no contexto associativo, cultural, político e até mesmo empresarial e quem dera a muitos de nós, guisandenses, ter no seu currículo esse peso e ligação à freguesia. Infelizmente, alguns dos que nutrem e semeiam por ele essa antipatia ou pouco apreço, provavelmente nunca nada fizeram pela comunidade, passando ao lado da sua história e do seu dia-a-dia. E se fizeram, nunca contribuiram para a união da comunidade, antes dividindo para reinar.

No que foi esta campanha eleitoral, alguns terão discutido se para a lista do PSD teria sido mais vantajosa ou prejudicial a presença do Rui Giro. Admito que alguns consideram que sim e outros que não. Pessoalmente, pela realidade que atrás descrevi, acho que a sua presença na lista foi positiva mesmo que a contragosto de alguns. A sua qualidade de jurista, de oratória e experiência no cargo de elemento de Assembleia de Freguesia, incluindo no papel de seu presidente, não tem paralelo na freguesia no momento presente. Concerteza que já tivemos pessoas no passado a assumir essa função, até com a qualidade adequada, mas no presente não estou a ver melhor, até porque os que têm capacidade não se querem meter nestas coisas ou já numa fase da vida a que pouco ou nada dispensam do seu tempo e interesse.

Por conseguinte, de forma pragmática, e mesmo sabendo que o próprio até tinha a vontade de não fazer parte, a sua introdução na lista foi positiva. Quem gostou, gostou, quem não gostou não gostou e por isso, de uma forma ou outra, teve oportunidade e pôde exprimir-se na votação. Ora, como se sabe, a lista em que se integrava venceu democraticamente por uma diferença significativa e certamente que o Rui Girto voltará, e bem, a ser o presidente da Mesa da Assembleia no recomeço de um ciclo importante.

Finalmente, e convém não esquecer, gostem alguns ou não, se é certo que ao Celestino Sacramento todos, devemos estar reconhecidos e gratos pelo seu papel no processo e luta pela desagregação de freguesias, que nos trouxe a independência, não foi em nada menor a importância e o papel do Rui Giro nesse processo, bem como da lista do PSD na Assembleia da União de Freguesia que votou unanimemente a favor da desagregação, ao contrário de alguns elementos da mesma Assembleia, de Guisande ou com familiares em Guisande, que pelo PS votaram contra ou abstiveram-se. Está escrito e registado para memória futura. De resto, durante o processo, fui acompanhando de perto a evolução e o papel importante que teve o Rui Giro, nomeadamente já na parte final e depois de numa primeira apreciação a desagregação da nossa União de Freguesias ter sido reprovada. O seu papel formal e jurídico, bem como diligências informais junto de quem tinha poder de influência,  foi fundamental no agendamento da sessão extraordinária e clarificação da freguesia de Lobão, tornando possível, in extremis, que o processo fosse reapreciado e aprovado.

É pois, muito injusto que este papel do Rui Giro seja ignorado ou desconsiderado ou que apenas se atribuam os louros ao Celestino Sacramento, mesmo que merecidos. De resto, este, em conversa pessoal, reconheceu o papel importante do Rui Giro. O Celestino Sacramento pode ter perdido agora um acto eleitoral, democraticamente e que o enobreceu, mas é um homem de honra e palavra e por isso teve esse reconhecimento a favor do papel do Rui Giro. Mesmo quem não se simpatize com a figura do Rui Giro, e não temos que simpatizar ou ser amigos de toda a gente, só não reconhece este papel importante e dedicação às causas da freguesia quem estiver de má fé e ronha pessoal.

Dos fracos não reza a história, mas o Celestino Sacramento e o Rui Giro, goste-se ou não, farão parte do lado certo e nobre da história de Guisande e isso não pode ser negado nem apagado, no presente e no futuro. Quem não gostar, que se amanhe e que se coce.

Diz-nos a Bíblia e o Evangelho que ninguém é reconhecido como profeta na sua terra, mas alguma má impressão, antipatia ou mesmo preconceito de uma franja de guisandenses contra o Rui Giro, repito,  é de todo injusta, imerecida e mesmo sem fundamento. Mas é o que é e mal estaríamos se fôssemos condicionar a nossa vida e a nossa forma de ser e estar, ao sabor do vento e dos humores de algumas pessoas incapazes de dar mérito a quem o merece. Gente assim, invejosa e incapaz de reconhecer o mérito a terceiros há em todo o lado e também em Guisande. É o que é!

13/10/2025

Guisande - Resultados da eleição para a Assembleia de Freguesia de Guisande - 2025

 





PSD: 461

PS: 333

Brancos: 17

Nulos: 20

A experiência (e competência) é um posto

Ontem nas duas secções de voto em Guisande, entre gente jovem, alguns dos quais não conheci (sinal de que estamos a ficar velhos), mas certamente competentes, foi com satisfação que voltei ali a ver o Jorge Ferreira. Sinal de experiência, competência e rigor. Ouvi contar que até aconteceu ali um episódio digno dos apanhados, mas que com a sua experiência soube resolver.

Velhos são os trapos e o Jorge ainda continua a ser das coisas boas na freguesia, pelo passado mas ainda pelo presente. De resto, se importa sempre dar lugar aos novos, por vezes é importante salpicar as coisas com experiência. 

O mal, por vezes, é não são sermos capazes de perceber este equilíbrio tão necessário quanto útil.

Parabéns ao Jorge Ferreira, mas também  a todos quantos, mesmo que pagos, contribuiram para mais este acto de democracia.

Parabéns aos vencedores e honra aos vencidos - A análise.

 


Ontem foi dia de eleições.

Feitas e fechadas as contas, na eleição para a Assembleia de Freguesia de Guisande, venceu a lista do PSD encabeçada por Johnny Almeida, obtendo 461 votos contra 333 da lista do PS, encabeçada pelo Celestino Sacramento. Uma diferença significativa, com 58% dos votos válidos.

Como já escrevi ontem, logo após serem conhecidos os resultados, devemos dar os parabéns aos vencedores e honrar os vencidos porque ambos numa disputa nobre.

Agora, neste que será o início de um novo e importante ciclo para a nossa freguesia, é momento de união, é tempo de unir a comunidade e dar-lhe as respostas e a proximidade que estiveram ausentes ou em défice nos 12 anos anteriores.

De resto, considerando a vitória do PSD nas três das quatro freguesias de ainda União, pois que em Lobão, como se esparava, venceu o PS com David Neves, de algum modo pode indicar que essas freguesias menores não estavam, de todo, satisfeitas com a gestão socialista mas sobretudo com o modelo falhado.

No que antes fui escrevendo e partilhando por aqui, mesmo que sem qualquer obrigação ou dever de isenção, procurei ser pedagógico e positivo tanto quanto possível, acima de tudo por respeito a ambos os candidatos e elementos de ambas as listas. Fui convidado pelo PSD e tendo recusado, indiquei como uma boa opção a figura do Johnny Almeida,  e também fui convidado posteriormente  pelo Celestino Sacramento, numa demonstração de confiança que agradeci e agradeço a ambos. Todavia, tinha-o dito, a única forma de eu participar seria no contexto de uma lista independente. Apesar dessa minha proposta, os partidos e as figuras principais a eles relacionados não a aceitarem ou mostraram desinteresse.

Apesar de tudo, porque já vi muitos filmes eleitorais, sempre tive a expectativa do desfecho ser mais equilibrado, e decidido por escassos votos. Pelo contrário, a diferença conseguida é significativa e categórica e creio que por isso poderá e deverá ajudar a união da comunidade se entendida num espírito democrático de valorizar quem venceu e pela diferença que foi.

Agora, se me é permitida uma análise pessoal, tanto dos resultados como dos momentos de pré campanha e campanha eleitoral, foi notória uma maior dinâmica e de forma incisiva, por parte do PSD e bem menos visível por parte do PS, tanto nas redes sociais como no terreno. Pelo PSD fui vendo uma campanha organizada, com equipas de acompanhantes e representativa da lista. Ao contrário, pelo PS fui vendo uma campanha desgarrada, com elementos sozinhos ou mal acompanhados e elementos da lista que nem sequer vi em acção. Na minha caixa de correio apenas apareceu um elemento de nível concelhio. Os elementos relacionados à freguesia fui eui próprio a pedir a um elemento da lista que andava sozinho a distribuir no lugar da Gândara. Nas redes sociais, vi os elementos da lista a apoiarem-se a eles próprios, numa manifesta falta de apoio e creatividade por parte de quem geriu a campanha na componente da imagem e comunicação. 

As campanhas valem o que valem, podem valer muito, pouco ou nada, mas em certos contextos podem fazer a diferença. Creio que neste contexto, em Guisande terá feito alguma diferença.

Também a composição das listas: Ambas com gente boa, gente nossa, gente válida, mas o PS e Celestino Sacramento não conseguiram rejuvenescer a sua lista, sobretudo em lugares cimeiros e elegíveis, por isso com uma média de idades muito alta comparativamente à lista adversária e incluindo elementos que notoriamente entraram apenas para fazer número, mesmo no importante terceiro lugar da lista. Mas compreendo que possa ter havido dificuldades na angariação de elementos. Cada vez mais são menos os que querem meter-se nestas coisas que exigem compromisso e responsabilidades.

Já o PSD, mesmo sem deslumbrar, conseguiu uma lista equlibrada, com uma equipa jovem, com gente formada e em teoria apta a um dinamismo diferente, sendo que naturalmente agora virá o tempo de dar provas disso.

Voltando aos motivos para este resultado, serão sempre subjectivos e por isso dados a diferentes análises e interpretações, mas creio, pelo que fui vendo, ouvindo e conversando com muitos guisandenses, que o Celestino Sacramento saiu penalizado por introduzir na campanha, de forma muito activa, uma figura ligada a um passado de deficiente gestão e com abordagens e métodos duvidosos ou mesmo já ultrapassados. 

Além disso, essa figura, falo do Sr, Elísio Monteiro, que até reconheço que sempre foi uma pessoa prestável e válida noutros contextos, nomeadamente no Guizande F.C., enquanto dirigente, no entanto na política foi sempre um quase desastre, com características muito singulares, com uma maneira de fazer política ultrapassada,  própria de década de 70 e 80, mas já não, seguramente, nos tempos actuais. Ademais, convém não esquecer que na gestão da Junta em que participou e foi figura predominante, na transição para a União de Freguesias, mesmo que com narrativas a negar as evidências, deixou um montante de dívidas não cabimentadas na ordem de 150 mil euros, valor que correspondia, grosso modo, ao orçamento anual. A maioria do eleitorado expressou-se agora, de forma categórica no sentido de dizer que não era este o método, a forma e "o bom caminho" a seguir.

Por conseguinte, parece-me que nesta campanha, esse elemento singular terá prejudicado mais do que o que conseguiu capitalizar. Mas não é ele o responsável, pois nem sequer constava da lista, mas sim o próprio Celestino Sacramento, que não só permitiu essa abordagem como com ele andou lado a lado e até com ele se fez representar em cartazes. Por conseguinte, não se deve envergonhar o cabeça-de-lista do PS de quem, à sua maneira, o pretendeu ajudar, porventura até fez bem mais que vários elementos da lista, mas, terminada a eleição e conhecidos os resultados, deve também tirar as devidas lições e ilacções. 

Para além do mais, ainda antes de ser conhecida publicamente a sua candidatura, já o Sr. Monteiro andava na rua, afanadamente, porta-a-porta, a falar e a prometer o que não devia falar nem prometer. Deveria, logo no primeiro momento, ser o Celestino, o comandante do barco, o cabeça-de-lista, a dar a cara, a apresentar-se a si e à sua lista, a expor as suas ideias e propostas. Mas não foi assim e só entrou em campanha tardiamente e nem sequer realizou uma apresentação pública perante o seu eleitorado de modo a galvanizar. Tudo soma numa campanha, o que se faz ou deixa de fazer, nas pequenas ou grandes iniciativas.

As coisas são como são, e como já escrevi, hoje em dia, a forma de ver a política, sobretudo ao nível de freguesias pequenas, como a nossa, onde as pessoas se conhecem relativamente bem, esse tipo de campanha com promessas e mais promessas, ainda por cima sem legitimidade, já não convencem ninguém. As histórias que fui ouvindo à volta desse tipo de abordagem, em algum sentido até são surreais e demonstrativas de que a coisa tinha tudo para correr mal.E correu.

Posto isto e apesar de tudo, considero que Celestino Sacramento também foi um vencedor no sentido em que cumpriu o que considerou ser uma missão e compromisso com as gentes de Guisande. Talvez o tenha feito de forma deficiente e com algumas lacunas e dificuldades, mas fê-lo. Honra lhe seja feita. Por isso e por mais, mantém-se todo o meu respeito e estima pelo Celestino Sacramento, que cumpriu o seu papel com honra e dignidade e passados os primeiros dias de desânimo da perda, voltará ao sossego do seu dia-e-dia, livre destas responsabilidades e canseiras, que bem sabe que são exigidas a uma Junta de Freguesia, onde nunca se agrada a todos e as necessidades são muitas e os recursos poucos.

Por mim, continuará sempre a ser uma pessoa que pela sua acção no processo de desagregação merecerá ser respeitado e lembrado na história da nossa freguesia de Guisande, que agora recomeça como freguesia independente.

Volto a repetir-me, pela parte que me toca, estarei disponível para apoiar e colaborar com a futura Junta, desde que seja útil e solicitado, mas também estarei atento e a apontar o foco para o que entender não corresponder a uma boa gestão, e para o que considerar como desleixo e incompetência.

Parabéns aos vencedores e honra aos vencidos, nomeadamente ao Johnny Almeida e ao Celestino Sacramento.

Agora. mãos à obra!

11/10/2025

Festa em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António - Comissão de Festas 2026


Já há Comissão de Festas para o ano de 2026, para organização da nossa Festa do Viso. Um grupo de homens e mulheres que vão dedicar-se à realização de uma festividade secular e que em muito representa a nossa herança e identidade cultural e social. 

Vamos, pois, ajudar  o grupo, com o nosso apoio e a nossa participação para que continuemos a ter orgulho num evento anual que é mais que uma festa popular, sobretudo um motivo de encontro da comunidade, com presentes e ausentes.

Marco André Dias Neves – Estôze – Juiz 

Jimmy Fernando Ribeiro – Casaldaça – Tesoureiro

Rafael Serralva Almeida Bastos –Barrosa – Secretário 

Hélder Manuel da Silva Rodrigues – Outeiro – Vogal 

José Manuel Oliveira Batista – Gândara - Vogal

Afonso Silva de Almeida -Fornos – Vogal 

João Carlos Gonçalves Teixeira – Teixugueira – Vogal 

Ana Sofia Silva Leite – Gândara – Juíza 

Beatriz Almeida Batista – Reguengo – Procuradora 

Sejam bem-vindos e bem-vindas

A propaganda e a campanha eleitoral, de um modo geral mas também na nossa freguesia, vistas por um certo prisma e com alguma equidistância, até têm coisas engraçadas, mesmo que com laivos paradoxais.

Pessoas mais novas e mais velhas, todas boa gente, que nunca vimos mexer uma palheira na dinâmica da freguesia ou da paróquia, e até muito raramente vistas e aparecidas nas dinâmicas da freguesia, como uma festa ou evento, de repente, pela mão e imaginação dos iluminados profissionais do marketing político dos partidos, quiçá com recurso a Inteligência Artificial, são elevadas a um patamar de relevo, quase de santidade, dadas como dinâmicas, interessadas, apaixonadas pela sua freguesia, como se andemos todos cegos e incapazes de perceber a diferença entre o ser e o parecer.

Apesar de tudo, pessoalmente desejo que isso possa ser positivo e que se aproveitem a oportunidade e este palco da propaganda eleitoral para que essas mesmas pessoas, até aqui desaparecidas ou discretas nas suas vidas pessoais, passem a ser mais activas e dinâmicas no envolvimento da freguesia e nas suas diferentes acções, aparecendo e pondo-se ao serviço. Afinal de contas, não somos muitos e todos somos precisos. 

Sejam, pois, bem-vindos e bem-vindas!

10/10/2025

O que é que eu quero da futura Junta de Freguesia de Guisande


São conhecidas as listas, os protagonistas e as suas ideias, medidas e projectos embora, de um modo geral, ninguém tenha esclarecido de que forma algumas dessas ideias serão concretizadas, sobretudo as que dependem de vontades terceiras.

Asssim, neste próximo Domingo, dia 12 de Outubro, decidirão os eleitores guisandenses, escolhendo aqueles que nos próximos quatro anos farão a gestão da freguesia nos diferentes aspectos que a a lei e as competências conferem. 

Uns votarão de forma esclarecida e considerando as capacidades de cada lista, de cada elemento, sobretudo das três primeiras figuras. Outros escolherão apenas de forma convictamente partidária, clubista mesmo, independentemente da qualidade dos elementos da sua lista ou da concorrente. Outros, ainda, decidirão porque foram pressionados até à exaustão, quiçá com promessas com o interesse privado a sobrepor-se ao público.

Quanto a esta questão da pressão sobre as pessoas, em 2014, no sentido de ajudar a freguesia num ciclo de transição para a União de Freguesias, fiz então uma campanha quase solitária, falando com todos e todas, expondo as minhas ideias e sobretudo os motivos que me levavam a ter acedido a participar, num propósito de ajudar e minimizar a perda de proximidade. Nesse contexto, uma coisa posso garantir: A ninguém pedi ou pedinchei o voto, nem fiz promessas cujo cumprimento não dependia de mim cumprir, até porque era sabido que não seria mais que um vogal, sem competências. Ninguém, de boa fé, pode dizer-me o contrário. Em campanha não se devem pedir votos, mas apenas apresentar as ideias, os projectos, as propostas para que o eleitorado possa decidir de forma esclarecida. O resto, a decisão, é da livre vontade de cada pessoa. Considero, por isso, que é feio, muito feio, pedir o voto ou, pior do que isso, tentar comprá-lo ou condicioná-lo.

Por conseguinte, em 2014 o meu foco foi sempre esclarecer e sensibilizar as pessoas para a mudança que se avizinhava e que já antevia como prejudicial à nossa freguesia. Infelizmente não me enganei  e sendo que esse mandato de apenas 3 anos foi difícil, com pesados compromissos e dívidas herdadas, teve o mérito de assegurar a mudança de uma realidade para outra e colocar a união de freguesias a funcionar e ainda se fez alguma obra. Do pouco que dependia de mim, estive sempre próximo e atento e cumpri até para além das minhas competência, que eram nenhumas.

Certo é que, com essa atitude de transparência e de honestidade, sem sofismas, pressões ou promessas, consegui vencer por maioria, mesmo a lutar contra quem à frente e atrás realizava uma campanha suja, com recurso a ataques pessoais e até mesmo lutando contra uma imagem negativa ou com muitas reticências que o então candidato a presidente gozava na nossa freguesia, em muito devido a desinformação e a essa campanha suja que ía sendo feita à frente.

Apesar dessas dificuldades e do que foi possível realizar nesse mandato, considerei que o modelo de gestão seguido não correspondia ao que tinha perspectivado e que seria melhor para as freguesias, e daí que com toda a naturalidade recusei continuar.  Não era o meu modelo e o seguido não respeitava as freguesias e suas particularidades e necessidades.

Mais dois mandatos se seguiram e apesar de herdarem ambos bons saldos positivos, e com as coisas já a funcionar, as coisas não melhoraram, antes pelo contrário. Melhoraram nalguns aspectos mas no essencial ficou tudo na mesma.

Doze anos depois, chegados aqui, foi possível a desagregação e é com ela que agora contamos e assim vai iniciar um novo ciclo, já com a freguesia a ser gerida por guisandenses e a depender de si própria.

Retomando o pensamento inicial, a partir do próximo Domingo, ou mais concretamente depois da tomada de posse, que deverá ocorrer por meados de Novembro, teremos um Assembleia de Freguesia, como órgão de fiscalização e deliberação e uma Junta de Freguesia como executivo.

Considerando que em Guisande apenas concorrem duas listas, significa que bastará a qualquer uma delas vencer por um voto de diferença para alcançar maioria e assim governar sem necessidade de acordos. Num contexto de pluralidade, é pena que sejam somente duas listas, porque permitiria uma terceira opção. Numa analogia com cores, os guisandenses para além do branco e preto poderiam optar pelo cinzento.

Neste contexto, e independentemente de quem venha a formar Junta,  cada um falará por si mas por mim desejo que seja uma Junta de Freguesia a gerir com competência, com rigor no aspecto de contas, com proximidade, com inovação, com dinâmica e capacidade de ir além do quanto baste. Espero uma Junta que não nos envergonhe, dentro ou fora de portas, capaz de ajudar e dinamizar a cultura, o desporto, a valorizar o nosso passado e presente, a ser capaz de melhorar, requalificar e realizar obras necessárias. Que seja capaz de requalificar o monte do Viso, a envolvente da igreja matriz, na sede da Junta, modernizar os espaços, renovar e cuidar do arquivo, que não se percam livros de actas ou outros documentos como aconteceu num passado recente. Que toda a documentação, incluindo comunicações, ofícios, actas de reuniões de Junta e Assembleia de freguesia, seja feita com competência e qualidade e não apenas resumos mal escritos em meia folha A4, como também num passado recente.

Não é pedir muito e quem quer que aceite fazer parte de uma lista e por isso sujeito a vencer eleições e depois a assumir funções públicas, tem que ter capacidade e competência naquilo que tem de fazer. Os tempos actuais não se compadecem com amadorismo ou com iliteracias. O tempo de contas em papel de mercearia e pouca ou nenhuma transparência é do passado.

Espero também que os dinheiros sejam geridos de forma rigorosa e transparente, e que não sejam mal gastos, por vezes na tentação de coisas populistas, apenas baseadas em pão e circo, sem retorno, cuja utilidade se esgota num dia ou dois, ficando o essencial por realizar. Importa, pois, o equilíbrio e bom senso.

Em resumo, espero eu e certamente que muitos guisandenses, que a futura Junta seja mesmo capaz, para além das palavras bonitas e idealistas que se possam dizer e prometer em campanha. 

Como já escrevi por aqui noutro apontamento, repetindo-me, digo que pela parte que me toca, independentemente de quem venha a formar Junta, estarei disponível para apoiar e colaborar, desde que útil nos meus poucos talentos, e se solicitado, mas também estarei atento e  a apontar o foco para o que entender não corresponder a uma boa gestão, e para o que considerar como desleixo e incompetência. Acima de tudo quero ter orgulho na Junta da minha freguesia e não vergonha. Importará unir a freguesia e a comunidade e só com uma Junta capaz e competente é que isso será feito. 

Finalizo a expressar a pena de não ter sido possível concretizar com tempo uma lista independente, a unir gente boa de ambos os partidos, a remar para o mesmo lado. Nesse contexto daria o meu humilde contributo. Infelizmente, apesar do meu repto, feito por aqui e pessoalmente a quem poderia decidir, ficou sem efeito e preferiram dar prioridade aos partidos. Foi pena, mas a vida continua e de uma forma ou outra temos duas opções de escolha.

Desejo a todos e a todas que neste Domingo façam a escolha, livre, esclarecida e, se possível, sem clubismo, partidarismo, obrigações ou pressões.