Passou já mais de uma semana sobre a última edição da Festa em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, popularizada entre nós como Festa do Viso.
Uma vez mais os guisandenses, encabeçados pela Comissão de Festas, estiveram à altura da tradição e souberam corporizar um dos nossos principais eventos comunitários.
Quanto à forma como as coisas correram ao longo dos quatro dias de festa, será oportuno, em jeito de análise, anotar os seguintes aspectos:
Aspectos positivos:
- Uma Comissão de Festas dinâmica que soube ao longo do ano trabalhar e dinamizar as coisas de modo a angariar receita suplementar;
- A boa afluência de público, nomeadamente na sexta-feira e sábado, tradicionalmente dias menos concorridos;
Aspectos menos positivos:
- O serviço da Banda de Música de Silvalde: Praticamente não actuou na parte da manhã no arraial e mesmo durante a tarde por cada peça tocada descansava 15 ou 20 minutos. No acompanhamento da missa solene tocou e cantou bem mas com um reportório curto quanto baste, omitindo o "Senhor Tende Piedade de Nós". Nalgumas partes foi necessário o padre pedir para continuar a tocar.
O serviço de arruada (feito antes da missa), que leva a Banda a tocar em alguns locais da freguesia, não se justifica de todo com apenas uma Banda ao serviço. Funcionou bem em 2004 e 2005 porque estiveram duas bandas presentes no programa. Não temos memória de uma manhã de domingo sem serviço de Banda no arraial o que provocou um nítido desagrado em quem ali estava;
- Colocação da flor: Houve nitidamente desorganização e falta de preparação prévia dos casais. Em face disso, viram-se vários pares de mulheres, no que não é habitual nem tradição;
- Realização do tapete de flores para a procissão: Tem sido a norma, mas já vai sendo tempo para que as coisas sejam organizadas com antecedência, quer na preparação das equipas, escolha dos padrões e desenhos, recolha de materiais, etc. Dado o interesse que tem demonstrado nos visitantes, no que é já um dos pontos fortes da nossa festa, conviria que já tivesse uma organização própria.
- Preparação da procissão: O habitual falatório dentro da capela, numa autêntica "feira". Foi necessário o padre apelar de forma impetuosa ao silêncio. No futuro há que cultivar e incentivar o silêncio dentro da capela. É possível o entendimento e organização com moderação nos falatórios.
- Andamento da procissão: Não temos memória de um andamento tão sem ritmo, com paragens e mais paragens que à frente quer a trás.
- Horários do programa: Foi um descalabro, nomeadamente no Sábado, em que o segundo grupo, entrou com pelo menos 3/4 de hora atrasado, vindo em autêntica correria de uma actuação em freguesia próxima. O horário da missa foi também desrespeitado em meia hora. Na segunda-feira, o primeiro artista entrou com cerca de 20 minutos atrasado, actuando apenas pouco mais de 20 minutos. Depois as falhas do gerador com cortes da electricidade em plena actuação da principal figura do cartaz artístico.
- Brejeirice: Todos sabemos que hoje em dia grande parte dos grupos ou artistas afina pelo diapasão da brejeirice, a piada fácil com nítidas insinuações de carácter sexual, desde logo pela aposta nas imprescindíveis bailarinas com trajes reduzidos, e o povo até gosta, mas de facto neste ano podemos dizer que, exceptuando a parte do folclore e do Rui Fontelas (que pouco cantou) foi a tónica geral.
Como em tudo, as coisas resultam se bem temperadas, mas o exagero já nem sempre cai bem. Uma festa de arraial é sempre um espaço de família, um encontro de várias gerações, desde crianças a idosos e há que haver algum cuidado na selecção de certos artistas mais talhados para ambientes mais reservados e virados para a juventude.
É claro que mais aspectos, positivos ou negativos, poderiam ser apontados mas estes foram mais notórios. Alguns resultam de imponderáveis mas outros resultam da falta de alguns cuidados e organização prévia.
No cômputo geral, cumpriu-se a tradição e todos quantos trabalharam e colaboraram estão de parabéns. O importante é continuar com o mesmo orgulho.