A surpresa da vitória de Trump só o é porque as sondagens foram escondendo uma realidade. Os grandes derrotados não são Hillary Clinton nem os media nem o show business que claramente a apoiaram, mas sim as sondagens e quem as manipulou ou fabricou ao longo da campanha. Era mais que expectável que a maioria dos americanos alinhasse no discurso radical e de um regresso ao velho west. Depois desta noite, que crédito terão as sondagens e quem as produz? Nenhum.
De resto, era esperada esta vitória de uma América dividida e cansada de gente soft, carreiristas com formação militar e política, vinda de cargos de governadores de estado e senadores, mas manipulada pelos lobies, poderes e sistemas.
Obama pareceu ser uma lufada de ar fresco com o seu "Yes, We Can", mas que afinal, terminado o seu duplo mandato, se revelou pouco mais que um "after all, we can do nothing". Fica para a história apenas como o primeiro presidente negro, por ter uma família simpática e um cão-de-água português.
Confesso que não me agrada de todo a vitória de Trump, mas porventura estaria pouco optimista se tivesse ganho Hillary. Mas, queiramos ou não, temos que estar preocupados pois é incontornável a importância do que os Estados Unidos possam ou não fazer no contexto europeu e mundial.
Esperemos que apesar do radicalismo que demonstrou durante a campanha, Trump ganhe algum sentido de Estado e que não se revele apenas um maníaco à solta pela Casa Branca. Seria mau de mais, com tantos brinquedos de guerra ali à mão de semear e botões vermelhos por carregar.
- A. Almeida