30 de março de 2017

Definitivamente provisórios


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Bem que tentei, porque achava que na puberdade o fumar nos dava uma ar de importância e rebeldia e não menos importante, impressionava as raparigas, mas nunca gostei do hálito a cinzeiro e o vício não pegou. Ainda troquei várias vezes os 25 tostões, que minha mãe me dava, para comprar uma sande de um quarto de sêmea com um queijinho ao recreio da escola, por maços dos mais rascas, na antiga loja da Dorinda, em Fornos, a caminho do Ciclo em Lobão, mas nada. Quem os “papava” eram o Mota, o Lino e o Vitor. Ainda bem que a coisa não deitou raízes. Ganhou certamente a carteira e, mais importante, a saúde. Assim como assim, era bem melhor a sande com aquele pequeno queijo triangular "Saúde" amassado naquele saboroso pão de mistura.
 
Seja como for, o tabaco, os cigarros, fazem parte das nossas memórias e por isso ainda sou do tempo dos Provisórios, dos Definitivos, dos Negritas, dos Ritz e dos Kentucky (mata-ratos) e outros mais, emblemáticos, que de um modo geral já não se comercializam ou se modernizaram. Por esses tempos, e no meu tempo é que era, até os principais clubes de futebol tinham o seu nome como marcas de cigarros, como o Benfica, o Sporting e o Porto.  Ainda me recordo de a caminho da mercearia em Casaldaça, o saudoso Sr. Silva, avô da esposa do Sr. Manuel Tavares, do lugar do Viso, assomar bonacheirão à janela do andar e atirando-me uma moeda de 1 escudo pedia-me para lhe trazer da loja um maço de Sporting. Volta e meia, por esse favor, dava-me liberdade para gastar o troco numa qualquer lambarice. Não sei se era adepto do clube, ou se apenas tinha uma apreço especial pela marca, mas que foi assim muitas vezes, foi. 
 
Já o Porto, deram-me dissabores à farta porque o meu avô interrompia-me os desenhos animados para “ir num instante" à Quitanda dos Paivas, nas Quintães, comprar meia dúzia de cigarros. Sim, vendiam-se avulso. Mas que raio, para além de avô era o dono daquilo tudo (da televisão), na altura a única no lugar de Cimo de Vila e arredores e por isso havia que obedecer para ter lugar de telespectador assíduo. Bem que galgava o caminho mais rápido que o Speedy Gonzalez mas quando regressava ao lugar com a encomenda, porque era a subir, já os cinco minutos de bonecada estavam nas legendas finais, com um vistoso The End ou um Koniec, este nos filmes de leste apresentados pelo Vasco Granja, ou então tinham já dado lugar a um Sousa Veloso, algures com o seu TV Rural na Feira do Cavalo na Golegã ou a um Vitorino Nemésio, naquele olhar embaciado por detrás de grosso óculos. Se bem me lembro..  
 

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