Quando a estrutura concelhia de um partido político decide escolher um cabeça-de-lista candidato a umas eleições autárquicas, nomeadamente para uma Junta de Freguesia, não deveria, previamente, consultar a estrutura da base, os chamados núcleos, existindo estes, e por conseguinte os respectivos militantes? E mesmo no caso de uma recandidatura, para além dos núcleos, não deveria a mesma estrutura concelhia recolher previamente a opinião da restante equipa executiva?
Não sei a resposta de cada um, mas pessoalmente mesmo não pretencendo a nenhuma estrutura de base política, acho que em ambas as questões a resposta será sim, porque a mais natural e eticamente correcta. Deveriam ser consultados, mesmo que a jusante, na hora e no momento da decisão e formalização da escolha ou recandidatura, o resultado dessas consultas fosse literalmente ignorado, desconsiderado ou até mesmo "chutado para canto".
Mas estes seriam os bons procedimentos que, convenhamos, nem sempre são doutrinários para quem de algum modo vive e depende da política. As boas regras e princípios não casam lá muito bem com os políticos, apesar das naturais e boas excepções.
Por conseguinte, para os ases do topo das estruturas, nomeadamente as concelhias, a malta das bases e dos núcleos só assumem algum interesse e importância na hora das convocatórias para encher salas de comícios, jantares-comícios, conferências e caravanas. Para o resto do tempo, são gente com relativa importância e interesse. Em determinadas circunstâncias e contextos os núcleos até serão elementos perturbadores para o status-quo das estruturas do topo e por isso areias na engrenagem das decisões porventura já decididas. Esta constatação é geral e mesmo transversal a vários partidos. Mas sim, ficaria bem ter alguma consideração por essa malta das bases, até por uma questão de internas pazes.