Ainda o assunto da obrigatoriedade das limpezas florestais: É certo que a lei não é de agora e para recuperar o desmazelo de anos e face ao drama dos incêndios de 2017, está de regresso a política do 8 para o 80.
Em todo o caso, para além da reconhecida e imperativa necessidade de limpeza, porventura não de forma tão radical como está a ser divulgada, com insuficiente informação à mistura, foi sempre mais fácil para o Estado, e seus governos sucessivos, passar o ónus da (ir)responsabilidade para os cidadãos, desmazelando em muito as suas próprias obrigações, não sendo por isso modelo de virtude para ninguém. Senão, veja-se: É mais ou menos consensual que pelo menos 90% dos incêndios em Portugal têm origem em mão criminosa. Contudo, parece que ainda não se percebeu que a a falta de limpeza na floresta é obviamente um problema, porque potencia os incêndios e os seus efeitos, mas não são seguramente a sua origem. Ora o que tem feito o Estado quanto a isto? Agravamento do contexto penal e sem contemplações para os criminosos, sejam eles bêbados ou tolos (porque têm que ser tratados)? Mais polícias e investigadores específicos para esta área? Mais guardas-florestais? Mais investimento na prevenção, quiçá incentivo activo e não coimas para as limpezas ou falta delas? Controlo de e para o Estado dos meios aéreos de combate a incêndios de modo a acabar com os obscuros interesses das empresas fornecedoras (muito interessadas em ter trabalho)? Em rigor a resposta a todas as questões será negativa. Ora quando assim é, a coisa acaba necessariamente por descambar em políticas de a torto-e-a-direito, com os exageros e radicalismos que já se estão a ver e a sobrar para os indefesos cidadãos perante os instrumentos legais que se vão criando reactivamente.
Tendo nascido, crescido e vivido uma aldeia rural envolta em floresta, terei visto o primeiro incêndio cá na zona apenas e já depois dos vinte anos e sendo certo que por esses tempos os matos andavam bem mais limpos, nunca foi preciso cortar a varrer junto a casas, estradas e caminhos. É que nesse tempo não se brincava com o fogo e nem havia empresas a alugar aviões e helicópteros.
Tendo nascido, crescido e vivido uma aldeia rural envolta em floresta, terei visto o primeiro incêndio cá na zona apenas e já depois dos vinte anos e sendo certo que por esses tempos os matos andavam bem mais limpos, nunca foi preciso cortar a varrer junto a casas, estradas e caminhos. É que nesse tempo não se brincava com o fogo e nem havia empresas a alugar aviões e helicópteros.
Entretanto, com esta semana de chuva, a atrasar a já por si impossibilidade de limpeza no prazo concedido, o que é que o Governo vai fazer? Fiquemos à vontade porque António Costa, seus ministros e deputados já se prontificaram a vir dar uma mãozinha. Está, pois, o assunto resolvido.