Pela imprensa destes dias ficamos a saber que " o sobreiro 'assobiador' de Águas de Moura, em Palmela, com 234 anos venceu o concurso da Árvore Europeia do Ano, com 26.606 votos, foi anunciado esta quarta-feira no Parlamento Europeu (PE), em Bruxelas.".
Ainda bem que ganhou e certamente de forma merecida pois é de facto uma árvore imponente. A vitória tem muito simbolismo depois de um ano em que a floresta portuguesa foi massacrada. Não sabemos se esta dramática realidade teve algum efeito para uma certa comiseração europeia por parte do júri ou de quem votou, mas, pensando que não, é um orgulho nacional, tanto mais que o sobreiro é uma árvore muito característica do nosso clima e que para além disso em muito contribui para a riqueza nacional sobretudo pela indústria corticeira.
O sobreiro "assobiador" de Palmela é na realidade uma soberba árvore, mas nós na freguesia de Guisande, no Monte do Viso, também temos um exemplar igualmente frondoso, que no que a imponência diz respeito e até mesmo à sua idade, não deve ficar muito atrás do colega "assobiador". Não será por si só "assobiador", mas tem igualmente pássaros que lhe dão vida. Se dizem que o de Palmela tem 30 metros de copa, ainda há dias a passo largo medi quase isso no nosso sobreiro no Monte do Viso e quanto à altura de 17 metros, será próxima. De resto basta comparar a espessura do tronco. E ainda dizer que o tronco que se vê actualmente no nosso sobreiro, corresponderá apenas a 1/3, já que da sua base original ao longo dos tempos foi sendo aterrado.
O meu tio Neca, na autoridade dos seus 94 anos, diz que tinha 10 anos e já via o sobreiro do Monte do Viso com o mesmo tamanho. Não custa nada a acreditar que por isso e pelo testemunho da sua imponência tenham pelo menos 200 anos. A idade exacta, só com testes por entendidos e mesmo assim seria sempre uma estimativa.
Apesar de tudo, o nosso sobreiro poderia estar de melhor saúde não fossem alguns atentados que ao longo dos tempos tem sofrido, como o aterro de 2/3 do seu tronco e uma fogueira feita por alguma criançada travessa que queimou parte da sua actual base e que o debilitou.
O meu tio Neca, na autoridade dos seus 94 anos, diz que tinha 10 anos e já via o sobreiro do Monte do Viso com o mesmo tamanho. Não custa nada a acreditar que por isso e pelo testemunho da sua imponência tenham pelo menos 200 anos. A idade exacta, só com testes por entendidos e mesmo assim seria sempre uma estimativa.
Apesar de tudo, o nosso sobreiro poderia estar de melhor saúde não fossem alguns atentados que ao longo dos tempos tem sofrido, como o aterro de 2/3 do seu tronco e uma fogueira feita por alguma criançada travessa que queimou parte da sua actual base e que o debilitou.
Ainda há alguns anos, contactei uma entidade estatal no sentido de se iniciar o processo de classificação como de interesse nacional, mas, infelizmente nunca obtive qualquer recado ou resposta.
Apesar disso, apesar deste nosso sobreiro que a todos os guisandenses deve orgulhar, porque testemunha centenária de muitas vivências e convivências, ainda por cima localizado num sítio de excelência, custa acreditar que ainda há pouco anos um membro de uma Junta de Freguesia tenha colocado a hipótese de o abater, "para evitar o lixo" das folhas no arraial. Se não fosse um caso grave, até seria de rir, mas chega a ser chocante a insensibilidade de algumas pessoas com responsabilidades para quem uma árvore ou uma pedra não passam disso mesmo, ainda que impregnadas de história e de memórias colectivas.
Pela parte que me toca, tenho muito orgulho no nosso sobreiro do Monte do Viso e simbolicamente chamo-lhe o "homem mais velho da freguesia". Seja estimado e protegido, e que a natureza não lhe seja demasiado dura, com ventos e secas, estará aí para durar e sobreviver a muitos de nós, mas dos mais novos.
Velho sobreiro
De vós, todos vi nascer,
E muitos mais, dos quais
Hoje só a saudade.
Sou ramagem a acolher
Dores, fadigas, vozes, cantigas,
Velhice e mocidade.
Sou vosso! No choro e no riso,
Na descrença como na na fé;
Sou de Guisande, monte do Viso !
Sou até que, enfim, morra de pé.
Apesar disso, apesar deste nosso sobreiro que a todos os guisandenses deve orgulhar, porque testemunha centenária de muitas vivências e convivências, ainda por cima localizado num sítio de excelência, custa acreditar que ainda há pouco anos um membro de uma Junta de Freguesia tenha colocado a hipótese de o abater, "para evitar o lixo" das folhas no arraial. Se não fosse um caso grave, até seria de rir, mas chega a ser chocante a insensibilidade de algumas pessoas com responsabilidades para quem uma árvore ou uma pedra não passam disso mesmo, ainda que impregnadas de história e de memórias colectivas.
Pela parte que me toca, tenho muito orgulho no nosso sobreiro do Monte do Viso e simbolicamente chamo-lhe o "homem mais velho da freguesia". Seja estimado e protegido, e que a natureza não lhe seja demasiado dura, com ventos e secas, estará aí para durar e sobreviver a muitos de nós, mas dos mais novos.
Velho sobreiro
De vós, todos vi nascer,
E muitos mais, dos quais
Hoje só a saudade.
Sou ramagem a acolher
Dores, fadigas, vozes, cantigas,
Velhice e mocidade.
Sou vosso! No choro e no riso,
Na descrença como na na fé;
Sou de Guisande, monte do Viso !
Sou até que, enfim, morra de pé.