Uma opinião de Henrique Raposo, que diz tudo e diz muito sobre a actual realidade do casamento.
"...Quase nada no casamento obedece a uma lista predefinida de prazeres, projetos ou ambições. E não vale a pena pedir pausas ou fugas. A felicidade não está num fim de semana num hotel em Paris ou numa semana de praia sem os miúdos. Isso não é felicidade, é a negação da realidade. Um casamento que não encontra a felicidade na rotina instável do dia a dia é uma granada pousada na cómoda (já sem cavilha).
Quem não aceita esta desordem criativa da vida não consegue estar casado muito tempo. E a maioria das pessoas do nosso tempo não consegue de facto lidar com esta instabilidade que destrona o controlo absoluto do “eu”. O “eu” pós-moderno herdado do Maio de 68 quer o controlo absoluto. Mas claro que o absoluto controlo acaba na absoluta solidão, numa taxa de divórcios a rondar os 70%, em famílias minúsculas, em filhos únicos, velhos sozinhos ou abandonados.
Mas então qual é o segredo? Não há segredo. Há sacrifício e muito trabalho. As pessoas que se mantêm casadas não nasceram com um feitio casadoiro; estão é disponíveis para a renúncia e para mudar.""
[fonte e resto do artigo: RR]