Falar do tempo sempre foi uma forma circunstancial de se meter ou complementar conversa, na rua ou numa sala de espera de um consultório ou de um qualquer serviço público. - Será que amanhã vai chover? - Hoje está quente! - Parece que vem aí uma chuvada forte! - Este nevoeiro que me dá cabo dos ossos... - Se viesse uma chuvinha para o meu nabal... - Se viesse um solzinho para a minha eira...
Para além disto, estar quente, frio ou a chover, nunca foi notícia porque, pelo menos no nosso clima, sempre foi normal estar frio no Inverno e quente no Verão.
Mas hoje em dia é notícia e preenche largas horas nos telejornais. Estar quente no Verão, mesmo que muito quente, parece algo extraordinariamente jornalístico e vemos repórteres a questionar simples transeuntes sobre o calor. E vão questionar quem, em princípio, está em melhores condições para do calor se refugiar ou dele gozar, os turistas e pessoas já em férias, com as pernas na água ou à sombra do coqueiro. Aqueles que realmente podem sofrer os efeitos do excessivo calor, como trabalhadores da construção civil e obras nas estradas, agricultores, etc, esses não merecem as perguntas idiotas dos repórteres pagos por tarefa.
É certo que temos muitos canais na televisão e podemos sempre mudar, mas esta estupidificação parece generalizada.
Santa Paciência, mas é o que temos.