1 de agosto de 2018

Aljubarrota à porta


Nota prévia: É apenas a minha opinião e até me arrisco a estar quase sozinho nesta demanda de não ser entusiasta da coisa, mas mesmo estando de passo trocado, sou apenas um soldado na companhia.

Há viagens que mesmo não tendo começado já enfadonham pela poeira da sua preparação e uma delas é a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, que hoje começa e exageradamente dura até ao dia 12. D. Pedro que me perdoe, como fez a  Diogo Lopes Pacheco (mas não a Pero Coelho e Álvaro Gonçalves) pela morte da sua bela Inês, mas já não lhe posso com as barbas.

Reconheça-se-lhe, contudo, à Viagem, a importância para a economia do concelho (de alguns e sobretudo da sede) bem como das colectividades (de algumas e dizem que quase sempre as mesmas), que ao longo de mais de vinte anos têm-se vindo a impor como um importante evento nacional e mesmo ibérico. Já não é apenas uma feira de tasquinhas concelhia e alguns figurantes trajados de serapilheira, mas um evento profissionalizado, dirigido a massas, no que isso tem de bom e, já agora, de mau.

A receita tem sido simples e parece funcionar, e de resto até resulta noutras paragens, embora aí de forma mais arejada e por menos dias. Muita temática cultural, e de qualidade,  à volta do hiato medieval, incidindo em momentos ou épocas da nossa História mas, todavia, sobretudo e principalmente,  gastronomia e porco-no-espeto. Porventura em mais nenhum outro evento em Portugal serão retalhados tantos porcos e aviados em sandes tão bem cobradas.
É certo que são duas décadas de mais do mesmo e a duração (quase meio mês de Agosto) é excessiva, mas, porra, não se mexa em equipa que ganha e receita que funciona e que assim dure muitos e longos anos, mais do que a maioria dos reinados desses tempos medievos.

Felizmente, porque não entusiasta, devo entrar de férias a 13 e se, como eu gosto, passar pela baixa da velha Vila da Feira, já não haverá ruas interrompidas nem barreiras nem multidões, embora ainda com muita poeira e relva (ou o que dela sobrar) pisada e repisada como se ali tivesse passado a cavalaria e acontecido uma frenética Aljubarrota. Só que agora, bem mais pacificamente, portugueses e castelhanos pelejam não por direitos a tronos mas por umas sandes de porco regadas com sangrias do Lidl. As espadadas, essas só acertam no lombo dos porcos.