Confesso que tenho passado ao lado do assunto da criação de um novo partido ou movimento político por Pedro Santana Lopes, designado de ALIANÇA, sabendo que o processo de criação está feito faltando o parecer do Tribunal Constitucional.
O Aliança adoptou um logótipo azul claro como símbolo, tendo como lema "unir respeitando a diferença e as diferenças". Tem sido apresentado como "um partido personalista (inspirado em Francisco Sá Carneiro), liberalista e solidário. Interessado pelo contexto europeísta, mas sem dogmas, sem seguir orientações confinadas e que contesta a receita macroeconómica ditada pelos senhores de Bruxelas". Santana Lopes tem dito que "...queremos garantir representação política que nos permita participar no processo de decisão, seja no Governo seja na oposição." Não encabeçará, todavia, as listas que venham a concorrer pelo movimento. Será?
Olhando agora para o que os média têm noticiado e comentado sobre o assunto, chego obviamente a algumas conclusões pessoais. Em todo o caso, num sentido geral será mais um partido ou movimento que, como qualquer coisa nova, procura apregoar ideias arejadas por comparação ao status quo vigente. O que é novo é novidade e daí poderá sempre colher alguma aceitação de muito eleitorado que não é carne nem peixe, nomeadamente no PSD acolhendo os descontentes com a orientação de Rui Rio por o considerarem algo permeável à esquerda. Ora, ao contrário, como argumentou na sua carta aberta de despedida do PSD, publicada dia 4 no diário online Observador, Santana Lopes dizia querer “intervir politicamente num espaço em que não se dê liberdade de voto quando se é confrontado com a agenda moral da extrema-esquerda”. Por aqui se percebe ou se procura justificar o processo ALIANÇA.
Poderá ser apenas uma espécie de PRD mas duvida-se que nos próximos actos eleitorais que venha a concorrer possa obter tamanha fatia como então em 1985 sob a égide do general Ramalho Eanes. Então o PRD propunha-se a "moralizar a vida política nacional".
Ainda hoje, volvidos mais de trinta anos continua a haver uma imperiosa necessidade de moralização da vida política ou, melhor dizendo, uma moralização dos políticos, mas não creio que seja este Aliança a fazê-lo pois os vícios estão demasiado entranhados. Ademais, o Aliança nasce com o ónus de uma fractura, uma desistência ou até mesmo, como já li, uma traição, a ponto de alguns militantes comentarem que "Roma não paga a traidores"(analogia à resposta dada pelos romanos ao pedido da recompensa pelos assassinos de Viriato - (139 a.C.).
Mas a ver vamos. Para o bem e para o mal, Santana Lopes, reconheça-se, sempre teve essa capacidade política de estar continuamente em intervenção no "teatro de operações". Creio que não lhe faltarão seguidores, provenientes sobretudo deste actual PSD, onde é evidente um clima onde não faltam alguns lusitanos prontos a esfaquear o seu líder. Restará saber se em algum momento receberão a lendária resposta "Roma não paga a traidores". Ou, pelo contrário, estará com o seu Aliança de braços abertos a todos quantos não encontrem protagonismo no PSD de Rui Rio. Não duvido que à primeira investida venha a fazer mossa nas hostes laranja, pelo menos no actual contexto. Só o tempo dirá se, tal como ao PRD, depois não virá a erosão até à extinção.
Seja como for, só o tempo realmente dirá da importância e validade deste novo movimento. Devemos estar sempre abertos ao lado positivo das mudanças e ver se as ideias que vierem a ser cimentadas correspondem ao que cada um de nós tem como válidas na definição da politica. Não devemos ver os partidos como clubes de futebol onde quase sempre somos indefectíveis seguidores mesmo que mal treinados e pior dirigidos.
Devemos ter em conta as pessoas e os projectos e colher de todos o que de positivo apresentam. As ideologias por estes tempos são o que menos contam porque provenientes de tempos e contextos já passados, não raras vezes com resultados dramáticos. Ora se este Aliança conseguirá ou não aplicar esse conjunto de valores é o que o tempo dirá.
Seja como for, só o tempo realmente dirá da importância e validade deste novo movimento. Devemos estar sempre abertos ao lado positivo das mudanças e ver se as ideias que vierem a ser cimentadas correspondem ao que cada um de nós tem como válidas na definição da politica. Não devemos ver os partidos como clubes de futebol onde quase sempre somos indefectíveis seguidores mesmo que mal treinados e pior dirigidos.
Devemos ter em conta as pessoas e os projectos e colher de todos o que de positivo apresentam. As ideologias por estes tempos são o que menos contam porque provenientes de tempos e contextos já passados, não raras vezes com resultados dramáticos. Ora se este Aliança conseguirá ou não aplicar esse conjunto de valores é o que o tempo dirá.