Parece que por estes dias vai haver uma moção de censura ao Governo de António Costa, a ser apresentada no parlamento pelo CDS. Sabe-se de antemão que, tal como na primeira apresentada pelo partido de Assunção Cristas, qual será o resultado desta moção, mesmo que o PSD tenha anunciado que, apesar de apenas de forma simbólica, votará ao lado dos centristas. Por conseguinte, o PS e partidos da esquerda que apoiam o Governo vão reunir forças e votar contra.
Sem querer fazer análise política dos prós e contras desta moção de censura, creio que tem razão quanto à importância de servir para clarificar a posição dos partidos à esquerda do PS, Bloco e PCP. Ora estes foram dos primeiros a anunciar a derrota da moção.
O país está afundado em greves, como nunca se viu e as coisas parecem levar um rumo apenas virado para o presente e futuro imediato. O BE e o PCP estão ao lado dos grevistas e sindicatos, criticam forte e feio o Governo e a Europa, mas na hora de aflições lá estão fiéis ao lado de António Costa a proteger-lhe as costas. Ora isto é uma arrelia para a esquerda porque a mais ou menos oito meses das eleições legislativas de Outubro próximo conviria que cada um já lutasse apenas por si. Com esta moção vão ter que reafirmar o apoio ao Governo que lhes conviria criticar. Uma chatice. Como uma mosca que não faz mossa mas incomoda.
A política afinal não é mais que um jogo de gato e rato e por vezes o gato gosta apenas de dar baile ao rato e vice-versa. Visto de fora é engraçado, sendo que no final de todas as contas, mesmo sem se comerem literalmente um ao outro estão ambos gordinhos e bem de vida e bem instalados no parlamento. Por isso, é tudo um faz de conta, da esquerda à direita.
Nós, de fora, somos meros espectadores, a assistir, com a agravante de ter que pagar bilhete.
Nós, de fora, somos meros espectadores, a assistir, com a agravante de ter que pagar bilhete.