18 de dezembro de 2019

Desportivismo? Pois, pois....


Desportivismo não é a mesma coisa que desporto e vice-versa. Porventura o desporto não tem que ser desportivista, mas é quando ambos se conciliam que o desporto assume a sua principal importância.

Há muito que o desporto, sobretudo em certas competições de carácter profissional. deixou de ser desportivista, mesmo que os "players" usem o conceito à troxa-moucha, à mistura com o tão propalado "fair play".

Tomando como exemplo o futebol, no mínimo dá para rir, já que se tende a castigar episódios de supostas atitudes de racismo e xenofobia, algumas com foros de ridículo (como o caso do castigo a Bernardo Silva - futebolista do Manchester City, na sequência de uma brincadeira entre colegas).
Mas depois, pasme-se, as organizações à volta deste futebol, como confederações, federações, associações e ligas, promovem tudo menos igualdade e princípios de iguais direitos nas competições. Há assim os potes que crivam a suposta qualidade dos clubes e selecções, há os sorteios condicionados, há, como no caso da Taça da Liga, um formato que afunila os principais clubes para a chamada "final four", protegendo-os de excesso de jogos  e há as situações em que, como agora no Mundial de Clubes, os principais clubes que não se sujeitam aos jogos iniciais, reservando-se para as meias finais. Teremos assim o Flamengo (apurado ontem), como, eventualmente, o Liverpool, na respectiva final com apenas um jogo ao passo que os demais clubes se sujeitaram a mais jogos. Isto sim, é competição democrática com as equipas a terem os mesmos pressupostos e as mesmas circunstâncias e oportunidades. 

No fundo, mais que desporto e desportivismo, estamos apenas com um mercado e negócio que gira apenas e somente em torno do pilim, do cacau, do ferro. O resto, o desportivismo, o fair-play, a democracia competitiva e outras tretas não são mais que bolinhas brilhantes a enfeitar a árvore para ofuscar papalvos. Mas todos nós, consumidores, não somos mais que isso.