A puta da liberdade de expressão tem umas costas bem largas. São com um canivete suiço, que dá para tudo. Não surpreende, pois, que à custa e em nome dela se ultrajem e ofendam gratuita e banalmente muitos dos valores tão caros a largos milhões de pessoas, como o caso da religião.
Não quero perder tempo com o falado caso do humor dos brasileiros "Porta dos Fundos", mas digo que sempre foi demasiado fácil banalizar, brincar e mesmo ofender valores e figuras ligados ao cristianismo e catolicismo do que de outras grandes religiões. Por isso, quando, mesmo que isoladamente, surge a reacção violenta, aqui-del-rei para a intolerância de quem não encaixa a brincadeira.
Ainda, hoje, num jornal diário, que compro com regularidade, mas que vou deixar de comprar, porque não quero contribuir para a alarvidade, voltou à carga com um cartoon que tem tanto de oportuno como de ofensivo, porque do género, - "não gostaram? então, olhem para mim cheio de medinho, e aqui vai mais do mesmo!" Foi de uma maneira ridícula e impregnada de clichês, mas poderia ser até de forma pornográfica que a liberdade de expressão lá estaria a servir de almofada.
É este humor rasca que é condenável, porque despropositado e ofensivamente gratuito.
Poderiam brincar com a mesma facilidade e alarvidade com as figuras do islão, mas aí, porque em casos semelhantes, a coisa deu para o torto, pode-se concluir que muitos humoristas gostam de humorar debaixo da liberdade de expressão, mas por regra, têm medo porque têm cu, e mal por mal, antes brincar e gozar com algo ou alguém de quem não se espera alguma reacção fundamentalista que possa por em risco as suas vidas.
Enfim, sinais dos tempos em que o respeitinho tem o mesmo valor da merda e em que a única arte é ofender e provocar, de forma provocadora, pois claro.