14 de outubro de 2020

Ditadura democrática

 Se há coisa que a pandemia veio trazer, foi o gosto por proibir. Quem manda ou tem algum tipo de poder, político, social ou administrativo, encontra na proibição um acto de demonstração desse mesmo poder. O problema nem será proibir, porque também é preciso, mas quando se generaliza e a coisa vai a eito, tantas vezes sem fundamentos fundamentados, passe o pleonasmo, mas só porque faz parte da onda.

Ora por estes tempos as coisas parecem ir nesse sentido, e depois de tudo quanto proibiram ou limitaram preparam-se para mexer com coisas que ainda dizem muito às pessoas, enquanto ser material mas espiritual. Será o caso de alguns municípios que já avançaram ditatorialmente para o encerramento dos cemitérios, impedindo, no início de Novembro a celebração dos ente-queridos nos locais onde estão sepultados. Sem meios termos, sem regras, sem condicionantes que possam parecer equilibradas e proporcionais. A eito. Cadeado à porta.

Parece que já há ditadores a preparar a proibição ou restrição da celebração do Natal. O que virá a seguir?

Apetece assim  perceber a génese das ditaduras. No fundo, em cada um de nós, que manda ou exerce poder, coabita um pequeno ditador. Pode ser insignificante mas se lhe derem corda a coisa descamba e com tempo e espaço não faltarão por aí rivais dos velhos generais.

Mas soa a estranha esta ditadura, e isto porque ao contrário da ditadura pura e dura, que se impõem por si, esta,  a actual, parece legitimada pela democracia.