27 de janeiro de 2021

E com isto "arraso" a comunicação social

Eu não sei qual é a escola do novo jornalismo, o que vai pautando a nossa comunicação social, mas parece que alguns dos valores da ética da profissão, como isenção e imparcialidade, andam pelas ruas da amargura e o que vai dando cartas é o jornalismo opinativo. Noticia-se, supostamente, mas simultaneamente, opina-se, julga-se e classifica-se, invariavelmente, para agradar ao politicamente correcto, ao status quo, enfim, a quem detém o poder e a quem subsidia ou dá oportunidades. 

Os casos e exemplos deste pseudo-jornalismo são mais que muitos. Mesmo que se deteste a figura, o caso de André Ventura e do Chega tem sido um exemplo concreto da parcialidade com que os nossos jornalistas têm tratado do assunto. Bastará recordar a entrevista conduzida a esta figura por Por outro lado, no que parece ser moda, são mais que muitas as notícias opinativas que empregam o termo "arrasar", a pretexto de tudo e de nada, seja na politica, seja no desporto, cultura ou no mundo cor-de-rosa. "André Ventura arrasa Bloco de Esquerda", Catarina Furtado arrasa André Ventura", F.C. do Porto arrasa Famalicão", Benfica arrasa o Vilafranquense", António Costa arrasa Catarina Martins", Rui Rio arrasa Montenegro", "Cristina Ferreira arrasa SIC", etc, etc. No que toca a arrasar o nosso jornalismo demonstra ser um autêntico terramoto.

Em resumo, o moderno jornalista, avençado, não se limita a noticiar factualmente, mas classifica e sentencia, aplicando o verbo "arrasar" como quem  come cerejas. E não se pense que de tal mal padece apenas o dito jornalismo de lixo ou de pacotilha, associado ao Correio da Manhã, mas também em órgãos que pela sua natureza e tradição deveriam ser exemplos, como a RTP, Jornal de Notícias, etc. Tornaram-se na generalidade em pasquins sem qualquer crédito, a merecerem passar pelo crivo de um  fact-checking.

E assim vamos indo, rindo e cantando neste fingimento de comunicação social.