O Senhor Malato é figura conhecida do público, principalmente daquele que assiste na nossa RTP a programas de entretenimento, de enchimento de chouriços e de venda de chamadas telefónicas de custo acrescentado. Ele é polivalente e pau para toda a colher. Ele tanto apresenta feiras de enchidos como natais dos hospitais como a festa das vindimas. Em resumo, goste-se ou não, ele é popular.
O Senhor é tão popular que até em Monforte, sua terra de nascimento, no Alentejo, à falta de melhor motivo, deram-lhe nome de uma praça. Mas o Senhor Malato parece que é mal agradecido, e indignado por uma grande parte do povo alentejano ter votado no Senhor André Ventura, na eleição para as presidenciais, vai daí e reagiu histericamente dizendo que "...O Alentejo é uma vergonha. Gente sem memória! Sou lisboeta, a partir de hoje”.
Mas sem memória porquê? O que mudou de substancial para que invoque a perda de memória. Não terá sido o contrário, o recuperar da memória de uma povo e de uma região que 50 anos passados sobre a revolução de Abril continua com os mesmos problemas? Em que continua a ser a terra dos montes e das quintas onde os senhores malatos, resolvidos nas suas vidinhas, ali regressam numas escapadinhas das lisboas nuns fins-de-semana para umas festarolas e tainadas?
Ora, a propósito, um seu conterrâneo, indignado por este despeito, lançou uma petição online para requerer na Câmara local a retirada do seu nome da praça. A Câmara apreciou a coisa e apesar dos milhares de assinaturas, optou por manter a praça com o nome de tão ilustre celebridade mesmo que esta se tenha envergonhado do seu povo e que passe a ser um genuíno alfacinha. Antes não desagradar a um que agradar a milhares, terá entendido.
Em resumo, o Senhor Malato é daqueles que se mostra contra o preconceito, defende a democracia, os seus valores e o direito ao ser diferente e ao pensar diferente, e não porque seja homossexual assumido, mas porque tem esse direito. Mas, em contrapartida, na realidade, o Senhor Malato indigna-se com quem pensa diferente, com quem não vê só à esquerda, com quem vê para além do politicamente correcto.
Com tudo isto o Senhor Malato borrou a escrita. Não havia necessidade, se bem que, lá diz a publicidade, "o algodão não engana".