A propósito das próximas eleições autárquicas, que terão lugar em final de Setembro ou início de Outubro deste ano de 2021, a lista concorrente pelo PSD à Assembleia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, terá, por razões óbvias, que confrontar-se em campanha com os aspectos positivos e negativos da herança da governação do actual executivo de maioria PSD, desde logo porque tudo indica que o cabeça-de-lista e candidato ao cargo de presidente da Junta da União das Freguesias, será o seu actual tesoureiro.
Neste contexto, para quem sabe fazer contas, mesmo que por alto e de cabeça, poderá questionar a lista candidata sobre o investimento em concreto que foi aplicado à freguesia de Guisande.
É sabido que à luz das contas na anterior situação antes da reforma administrativa, que o orçamento anual da Junta de Freguesia de Guisande rondaria, grosso modo, os 90 mil euros, havendo até anos em que foi ultrapassado, pois para além das receitas fixas provenientes do Estado pelo do FEF - Fundo de Equilíbrio Financeiro, e pela Câmara, era legítimo contar-se com apoios e subsídios de acordo com determinadas obras e sua importância. Assim, podemos concluir, com legitimidade, que a Guisande cabe pelo menos um valor de 360 mil euros no mandato de quatro anos.
Por isso, à falta notória de obras e melhoramentos, apenas alguns episódios de limpezas de ruas, nem sempre perfeitos nem regulares, é legítimo perguntar: - Qual o montante gasto ou investido em Guisande nestes já quase quatro anos passados? É que nesta equação não podem entrar as pavimentações realizadas nalgumas ruas da freguesia, pois é sabido que esse investimento foi à conta do orçamento da Câmara Municipal tal como o tem feito nas demais freguesias.
Assim, de barato, vamos pensar que ao longo destes quase quatro anos foram gastos na freguesia 60 mil euros. Então, a pergunta: - O que é feito dos restantes 300 mil euros? Vão ser aplicados à pressa neste resto de mandato, em pouco mais de 5 meses (quando não se fizeram em 3 anos e meio), com a necessidade de lançamento de concursos e dificuldade de disponibilidade de empreiteiros, para além da sempre duvidosa calendarização de obras no final do mandato? Onde ficam as prometidas requalificações da área envolvente à igreja matriz e à capela e Monte do Viso? O resto das ruas que pedem pavimentação? A solução para alguns problemas de drenagem de águas pluviais, nomeadamente no lugar da Igreja?
No anterior mandato, encurtado em um ano e emperrado pelo pagamento de dívidas e compromissos transmitidos pelo anterior executivo da Junta, de facto não foram possíveis grandes realizações em Guisande, mas mesmo assim fizeram-se obras no cemitério, a pavimentação de parte da Rua Cónego Ferreira Pinto e Rua da Igreja, ainda algum (pouco) apoio às obras de construção do Centro Social e ainda alguns gastos com equipamentos e manutenção na nascente no Monte de Mó, nos poços da Igreja e do Viso, reparação na cobertura da Capela Mortuária e em lavadouros, etc. Adquiriu-se ainda uma parcela de terreno adjacente ao cemitério novo de modo a resolver problemas de escoamento de águas e de futura expansão. Foi pouco e longe do previsto, nomeadamente nos objectivos traçados em programa para Guisande, reconheço desiludido, mas algo se fez, de algum modo imensamente mais se comparado com o actual mandato, este já numa situação de algum desafogo. Ora este contraste é difícil de perceber e justificar mesmo para quem sabe das dificuldades sistémicas e dos poucos recursos de uma Junta como a nossa, face a um tão vasto território e uma população de 10 mil habitantes.
Seja como for, e porque reconheço que estas coisas não são fáceis nem há receitas milagrosas, seguramente que este é um berbicacho que a lista do PSD tem que enfrentar porque será difícil justificar o motivo de nada de substancial ter sido concretizado neste mandato. É que o povo sabe fazer contas, mesmo que de cabeça, e tem olhos na cara.
Com esta contabilidade, com o dinheiro não gasto e somando o correspondente ao próximo mandato, não surpreenderá que as próximas promessas sejam substanciais, mas nada justifica esta filosofia de gestão, porque enganadora e despropositada.
A ver vamos, mas de facto pedia-se e esperava-se que neste mandato que agora quase termina as coisas fossem um pouquinho mais normais, justas proporcionais, e que o dinheiro tivesse sido investido de forma regular e em situações notórias.
Mas, como o que não tem remédio, remediado está, vamos acreditar que ainda vamos ter obras em força até à véspera de eleições, no que poderá facilitar um pouco a quem se propuser como candidato.