11 de agosto de 2021

Amor e conhecimento da terra? Já foste!

Entre todos os aspectos negativos relacionados à criação das Uniões de Freguesias, há um que, mantendo-se este esquema de uniões, se torna notório e tende a agravar-se com o decorrer dos mandatos, e que se traduz na integração de elementos cada vez mais desligados e desconhecedores das suas freguesias.

As pessoas com capacidade, amor à terra e com conhecimento dela, estão obviamente a afastar-se deste tipo de exercício de cidadania e em face disso são colmatadas por gente mais nova, muitas vezes empurrada para as listas sem quaisquer referências de identidade, de ideias, propósitos e mesmo de vontade própria. Em rigor, apenas para encher chouriços.

Assim, cada vez mais, teremos representantes que não conhecem de todo a freguesia, suas características geográficas, sociais e culturais, nem os seus cidadãos e por conseguinte não podem exercer, mesmo querendo, um serviço cabal e pleno.

Assim, quando em campanhas se esgrimem slogans relacionados à proximidade com os cidadãos só podem estar a fazer dos mesmos cidadãos mentecaptos, pois na realidade já quase ninguém das listas conhece quem quer que seja pelo seu nome próprio e conheça o lugar onde vive. Isto na própria terra, porque esperar que alguém de Lobão, Gião ou Louredo conheça plenamente a freguesia de Guisande é acreditar no Pai Natal. Já foste!

Por tudo isto, reconhecendo a importância do poder local ao nível das freguesias, reconhece-se igualmente um cada vez maior afastamento dos eleitores com os eleitos e vice-versa. Não há mesmo volta a dar! 

A reversão ao anterior sistema, ainda poderá atalhar o prejuízo, mas a cagada está feita e será quase milagre que venha a ser desfeita. E mesmo que, esperançadamente tal possa vir a acontecer, os estragos de tão profundos já são quase irreparáveis.

Faz, assim, parte do passado, uma estirpe de eleitos conhecedores das suas freguesias e que a elas se dedicavam com amor à terra e bairrismo.