Quando tinha 12 anos, desejava ter 18. Quando tinha 18, não me importava de reverter aos 25. Quando fiz 25, já fiquei na dúvida se não seria preferível voltar a ter 18.
Quando fiz 30 percebi que estava no meio da ponte, não como um burro, porque esse pode sempre voltar para trás, mas numa aceitação passiva de que nem novo nem velho, porventura na idade com que se poderia desejar que o contador do tempo parasse de forma definitiva.
Aos 40 deixou de haver qualquer piada em festejar o próprio aniversário. Aos 50 a certeza de que a coisa agora era sempre para descarrilar, porque a partir dali o caminho é sempre a descer e só fica a faltar saber, como a um calhau que se lança ravina abaixo, em que curva vamos ficar imobilizados.
Em resumo, já pouco interessa desvendar a dúvida de saber os anos que temos e os que possamos vir a ter, porque a certeza de uma jamais poderá responder à incerteza de outra.
Cícero, esse filósofo da velha Roma, já dizia que os homens eram como os vinhos, aos quais a idade azeda os maus e apura os bons. O problema é que às tantas já nem sabemos se estamos mais apurados ou mais azedados e com os mais novos a beberem apenas Coca Cola e refrigerantes, já não vamos ter quem nos julgue e avalie com competência e sobretudo sabedoria.
Assim como assim, e porque não há volta a dar, sigamos na expectativa de que somos um bom vinho, apurado quanto baste, mas sem veleidades de vir a ser saboreado na plenitude.
Para além de tudo, esta coisa de ter aniversário em Dia de Todos os Santos, não ajuda, antes carrega de um simbolismo esta dictomia da angústia ou libertação do tempo e da idade.