20 de dezembro de 2021

Estás um homem!


Ah, e coisa e tal, estás um homem! Lindo! Que mulheraça! Bonita!|

Quantas vezes, sobretudo nestes vazadouros sociais, não lemos ou assistimos a estas considerações sobre alguém, só porque deitou corpo e está com boa estampa? 

Pode ser uma observação simpática, pois claro que sim, mas tantas vezes superficial como um placebo que nada acrescenta mas que ilude, como se o que define um homem ou uma mulher, seja apenas o físico, o corpo, a estampa, o bom aspecto. 

Ui! Muito mais do que isso! E tanto e na justa medida que andamos uma vida a compor essa definição, como que a braços com um edifício inacabado por mais pedras que lhe acrescentemos.

Mas pronto! Por ora, e sobretudo por aqui, contentámo-nos com uma apreciação simplista de que "Estás um homem! Estás uma mulher!".

Coitado daquele rapazito que algures no espaço e no tempo, com apenas seis anitos já marchava à frente de um rebanho ou, rapazote como o Manuel Jeirinhas de lições passadas, guiando pela soga uma parelha de bois, fossem mansos ou teimosos. 

Não deitou corpo, porque a míngua das coisas boas e saudáveis o amarfanharam no desenvolvimento e o furtaram à infãncia, mas cedo feito um homem que ajudava na casa, os pais e os ainda mais pequenos. Esses e essas sim! Verdadeiros homens e mulheres e que, afinal de conta, são hoje o sedimento na nossa socidade. Mas a erosão é uma inevitabilidade e já anda a fazer das suas. 

Equanto houver humanidade, haverá sempre homens e mulheres, é certo, mas importa que cresçam não só em corpo, mas na verdadeira substância de seres pensantes, humanos, preenchidos plenamente, sem espaços ocos, vazios, ou mesmo, se quisermos, cheios de nada.