Nas portas do tempo andado
secou o musgo nas ombreiras cansadas
e os gonzos já não rangem
a anunciar caminheiros novos.
Na mansidão das sombras caducas
já não há descansos nem retemperos
de pés e ossos cansados.
Já não tem som o chilreio dos pássaros
e a ribeira corre dorida na fraga
como a fugir para um descanso inalcançável.
O peso dos anos vividos
quebraram o viço de homens novos
num aperto de mandíbulas
de um cão fantasma
que vive na noite de breu
à espera do seu repasto.
Tudo finda num lamento de nada,
num vazio sem fundo,
imensurável,
final.
A.Almeida 15012022