Infelizmente, o resgate complexo da criança marroquina, o pequeno Rayan, ocorrido ontem em directo pelas televisões do mundo, não foi a tempo de a retirar com vida do estreito e profundo poço onde caíra quatro dias antes e que, contra todas as probabilidades, tinha milagrosamente resistido até ali.
Todavia, apesar do desfecho tão esperado como inesperado, ficamos todos impressionados e sensibilizados pela forma como largas dezenas de operacionais tentaram tudo por tudo, em situação difícil, para chegar a tempo ao local onde a criança estava em angústia e sofrimento, bem como com a fé das largas centenas de populares que ali se deslocaram para assistir à operação, dirigindo as suas orações para que tudo terminasse bem.
Este episódio lembra-nos outros parecidos, como o resgate dos mineiros no Chile, os adolescentes na Tailândia, etc. Em todos eles o empenho de muitos em prol de poucos com uma dedicação sobre-humana, em situações de superação e de risco próprio. No fundo, o melhor da humanidade no serviço pelos outros em que cada vida conta e pouco mais importa.
Mas há sempre um outro lado na moeda e assim a mesma humanidade capaz do melhor e da elevação dos valores mais altruístas, é também ela capaz de criar situações de conflitos e despoletar guerras sangrentas e destruidoras, capazes de levar à morte milhares e milhões de pessoas inocentes e destruição de bens e património comuns.
Este mau lado da moeda é o que tem estado latente no para já apenas tensão polític e militar e diplomática, o caso da Rússia e Ucrânia, mas que de facto de um momento para o outro pode levar a uma guerra de consequências incalculáveis, dado o potencial militar das forças envolvida e a envolver.
Perante esta dicotomia de humanidade e seus valores, ficamos sempre numa angústia e incerteza de qual das partes prevalecerá. O lado do bem, dos valores humanos, solidários e altruístas, ou o lado da loucura, da indiferença e desprezo pelas pessoas, pela natureza, pelo planeta? O que aprendemos ou não dos relativamente recentes grandes conflitos, como as guerras mundiais? Parece que nada. Absolutamente nada!
Por qual caminho nos dirigimos? Para o resgate do pequeno Rayan ou para a loucura?