Tenho no meu quintal uma cerejeira,
Que por Abril se veste de florido
Numa alvura celeste, quase divinal.
As abelhas à sua volta em canseira
Sorvem o pólem por ela oferecido
Num banquete de partilha fraternal.
Mas a cerejeira, a tal do meu quintal
Tem esse defeito ou efeito, eu sei lá:
Mil flores e pouco mais que se veja.
Mas entendo-a e nem tal tomo a mal,
Por essa vaidade florida mas quase vã
Se ao menos me der, uma só, cereja.
Américo Almeida