Numa manhã plena, Primavera,
A árvore desperta e floresce,
E dessa fria e longa espera
A magia do fruto acontece.
Mas se o tempo é contratempo,
Não passa a flor de vã promessa.
Virá seco o Verão e sedento,
O adormecimento, e tudo recomeça.
Como seres feitos, imperfeitos,
Parece-nos este acto tão injusto:
Ver na natureza os seus defeitos
Por uma flor ser só ela, sem fruto.
A natureza, porém, tem este preço,
Uma roda de morte e vida, assim,
Em que há tempo para o recomeço,
Até que se cumpra o derradeiro fim.
Américo Almeida