16 de março de 2022

Com as calças na mão e sem cuecas


Passam hoje 87 anos sobre a data (16 de Março de 1935) em que Adolf Hitler ordenou o rearmamento da Alemanha, violando então o Tratado de Versalhes que havia sido imposto após a derrota germânica na I Grande Guerra. Também foi introduzida a obrigação do serviço militar para a formação da Wehrmacht.

O que menos importa às novas gerações é a História, os seus factos no tempo e no espaço, mas, todavia, ela continua implacável e fria, sempre a dar-nos lições e a relembrar-nos, se não os caminhos que devemos seguir, pelo menos os que devemos evitar, concretamnete os que conduzem à guerra.

Mas chegados aqui, em pleno séc. XXI, quando se pensava que as guerras e guerrilhas eram só para os pequenos e instáveis estados do médio oriente ou África, como pretextos para as grandes potências entreterem os seus generais e experimentarem novas armas, e que a Europa vivia num ambiente de paz duradoura e virada para  a prosperidade, com a sua união económica cada vez mais alargada, ou mesmo com a NATO a estender-se a países que ainda há pouco andavam sob o jugo da URSS, eis que afinal tudo se subverteu. A loucura de apenas um homem e toda uma nação continental que lhe obedece cegamente e com isso a invasão, a morte e a destruição gratuita de um povo e um país, sem que os seus novos vizinhos possam responder, por questões políticas mas também por incapacidade militar, é demonstrativa que a força ainda continua a dar cartas.

Em resumo, a Europa há muito que vinha a desinvestir nas suas forças militares, no que parecia ser o caminho correcto, porque ainda vale a ideia de que é bem melhor e mais sensato edificar um hospital do que construir um avião de guerra, mas certo é que foi descendo as calças e agora foi apanhada com elas a meio das pernas e até mesmo sem cuecas.

Assim, em contraponto à data que aqui lembramos, temos já sinais de que a Alemanha, uma potência económica quase desmilitarizada, vai aumentar significativamente  os seus gastos no sector militar, incluindo a aquisição de várias dezenas de aviões F-35 aos Estados Unidos.  De resto este despertar também vai chegar a outros países como a Inglaterra, França e Itália e até mesmo ao nosso Portugal onde certamente os paióis de Tancos vão ser reapetrechados e dados mais brinquedos de "brincar" às guerras à malta das chefias castrenses.

Como se vê, as coisas tendem ao voltar  ao "normal" e como já estávamos esquecidos dos horrores das guerras mundiais, considera-se agora que, apesar de tudo, o único meio de dissuasão é precisamente o rearmamento. A paz por si só não se impõem porque basta um simples anormal instituído de chefe, mesmo que à força, pela ditadura e repressão, a derrube como a um castelo de cartas.

O mundo ocidental e civilizado tem assim que procurar assegurar a paz pelas armas, mesmo que estas ali esteja só como aviso. Não é o ideal, pois, não, nem nunca foi, mas ou isso ou a subjugação de todos ao desvario de um, dois ou três.