28 de março de 2022

Fracturas expostas


Parece que o Pedro Adão e Silva, inefável defensor e propagandista de António Costa, o que é legítimo, mas talvez por isso prendado com o cargo de Comissário para as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, com todas as mordomias, e agora de novo re-premiado com outro cargo, o de Ministro da Cultura, terá dito que "datas fracturantes como o 25 de Novembro de 1975 não se devem comemorar".

Custa a crer que alguém nomeado para defender a nosso Cultura e logo a nossa História, se permita a esta pérola. Mas então o 25 de Novembro é fracturante? Para quem? Para quem pretendia para o país uma ditadura de esquerda? Mas então o 25 de Abril de 1974, também não foi fracturante? Claro que foi e ainda bem! Fracturante é passados 50 anos sobre essa data ainda haver gente no Parlamento declaradamente contra a democracia liberal, alguns dos quais acérrimos apoiantes de regimes como o de Putin, China, Coreia do Norte, Cuba, etc.

Considerar certos assuntos ou temas que agradam à maioria de uma certa esquerda moralista, e catalogá-los como "fracturantes" como desculpa para os não reconhecer, é adoptar uma atitude escorregadia ou mesmo covarde. Fracturante foi perdoar a terroristas de sangue, como fizeram a Otelo, e que no entanto acham estruturante que se faça dele um herói como se a sua importância e papel na revolução de 25 de Abril, indesmentível, possa ser, todavia, esponja capaz de apagar crimes de sangue e morte que varreram o país. Haja limites! 

Diria, pois, que Pedro Adão e Silva começa mal ainda entes de tomar posse. Uma data como a do 25 de Novembro de 1975 mais do que fracturante é estruturante e o nosso actual regime, com todos os defeitos e virtudes, é o que dali emanou. Mereceria e bem um feriado nacional com todas as honras. Goste-se, ou não.