Em meio século muito mudou
Numa vivência livre, sem cela,
Ali, na sombra solene da capela,
Ponto de partida do quanto sou.
Quanta realidade já desaparecida:
As crianças, o recreio, a escola,
O monte livre, rude campo da bola,
Os grilos na toca na relva escondida.
Mas há a sombra do velho sobreiro,
Figura austera, dono desse monte,
Confidente, amigo, ou só companheiro.
Todo o tempo já passado a memória,
Embalada no canto da fresca fonte,
Ressoa no presente em hino de glória.
A. Almeida