Não sei quantos livros tenho,
De romance, aventuras, poesia,
Realidade ou simples quimera,
Nem os quero contar, confesso.
Sei quanto deles tanto obtenho,
Como aconchego em noite fria,
Dois braços abertos na espera
Por alguém perdido em regresso
Mas tenho muitos, centenas,
Um oceano de páginas revoltas
Em ondas de prosas e versos
Que fustigam o barco do meu ser.
Mas dez que fossem, apenas,
Seriam aves livres, bem soltas,
Pensamentos densos, dispersos,
Convergentes no impulso de ler.
Não sei, nem saber isso me empenho,
Nem vontade ou querer me assaltam,
Porque mais que saber os que tenho,
Choro e lamento os que me faltam.
A. Almeida