19 de maio de 2022

Desespero

Desci já ao poço mais fundo,

Negro, frio, de uma tristeza sem fim;

Corri no alvoroço do mundo,

Cego, vazio, numa palidez de marfim.


Assim triste, indolente, sem vida,

Um mar de dúvidas logo se agiganta;

O caminho torna-se beco sem saída

E dele tentar fugir, que adianta?


Mas nessa lassidão de má sorte

Que nos tolhe, mutila, emudece,

Talvez ainda, por última prece

Venha o prémio, a paz, a morte.


A. Almeida