Não! Não há luz como a de Maio
Porque límpida, desenevoada,
Quase um esplendor em ensaio.
Nasce na manhã fresca, solteira
Como noiva bela, perfumada
No seio em flores de laranjeira.
Ao poeta tão pouco lhe basta
Mas Maio, farto, dá-lhe tanto
Chegando a sobrar inspiração.
Então a palavra sai pura, casta,
Num devaneio de singelo encanto
E dela o poema brota de emoção.
A. Almeida