A questão, desejo e vontade de uma freguesia aspirar a ser novamente dona dos seus destinos, não devem ser confundidos com a forma de governar da actual Junta da União.
Parece-me, avaliando estes primeiros meses, que David Neves está a governar bem e a ter uma postura que se espera de qualquer presidente de uma União, a de respeitar todas as freguesias, estando presente ao lado das pessoas e dos grupos, de forma activa e interessada. E isso o David Neves, o meu presidente, tem feito bem e nota-se que com alma, correspondendo à vitória de mudança nas últimas eleições.
Mas, repito, uma coisa não valida nem menoriza a outra. Portanto nada de confusões: O desejo e vontade de Guisande, bem como de Gião e Louredo em voltarem a ser independentes no uso previsto pela Lei 39/2021, não é pessoal, muito menos partidária, mas apenas contra um modelo que em dois mandatos mostrou nada acrescentar de positivo à anterior realidade, e, pelo contrário, penalizador em muitos aspectos, sobretudo os de perda de proximidade e representatividade. Neste actual modelo, cada freguesia tem menos representantes directos e por isso menos gente conhecedora das especificidades de cada freguesia.
O comodismo e aceitação por parte de Lobão é compreensível já quem em rigor nada perdeu porque se mantém como cabeça e numa situação de predominância que, entre outros aspectos, tem e irá determinar que o presidente seja sempre da sua área geográfica. Não tem que ser assim, obviamente, mas será por motivos políticos e de estratégia dos partidos. É do B,A, BA da política.
Em resumo, louve-se o empenho e dedicação do David Neves, que têm sido relevantes, até porque num contexto herdado de melhores condições financeiras e já com a casa organizada e arrumada, comparativamente aos anteriores dois mandatos, mas não se misture alhos com bugalhos.
Como analogia, porque é que um emigrante há-de-regressar à sua terra quando na maior parte dos casos vive com condições bem melhores nos países onde trabalha? Porque é que Guisande, Gião e Louredo hão-de contentar-se com a situação só porque neste momento a União tem uma presidência positiva?
A aprovação na sessão extraordinária da Assembleia da União de Freguesias, na sexta-feira passada, não foi a derrota de ninguém, muito menos do presidente da Junta, antes uma vitória normal e natural das freguesias que solicitaram a desagregação.
Num tempo em que os divórcios se fazem por questões de "lana caprina", porque é que, sendo possível e legítimo, não hão-de as freguesias submetidas a uma reforma administrativa sem pés-nem-cabeça, aspirar à reversão ou desagregação?
Por último, se se considera que esta situação decorre de uma Lei Relvas, desajustada e despropositada, que foi muito além do exigido pela Troika, porque é que agora se pode usar a mesma como argumento para a sua manutenção? Não devíamos, todos, aproveitar a janela de oportunidade da Lei 39/2021 para tentar a reversão?
A quem interessa, pois, que a coisa se mantenha?