Velho amigo, Zé Coelho,
Chamou-te, Deus, agora,
Clamando-te como pertença;
Sentiu que estavas velho
Achando chegada a hora
De te ter em Sua presença!
Viajaste, correste mundo,
Num vai-e-vem de canseira
Agarrando os cornos da vida;
Nesse viver duro, profundo
A morte surgiu derradeira
A reclamar a tua despedida.
Mas ainda ficas por cá,
A viver na nossa memória,
Bem alto como uma torre;
A tua passagem não foi vã
Teve honra, teve glória,
Teve vida que não morre.
Partiste, simples, sem nada
Sem malas, sem a guitarra,
Rumo ao porto da santidade;
Ficamos nesta dor chorada
Que nos prende como amarra
Ao cais da sentida saudade.
Mas virá em nosso mar a maré
Em que um a um todos iremos
Ao teu encontro, a esse além;
Até lá connosco vives em fé
Porque com ela bem sabemos
Que continuas a viver, e bem!
Adeus, velho amigo!