Por vezes pensamos que os livros são coisas sérias, diferentes dos média, jornais, revistas, rádios e televisões, nas abordagens aos acontecimentos do escorrer dos dias.
Um jornal compra-se e no dia seguinte está desactualizado e acabará no papelão, modernamente, porque noutros tempos teria um outro aproveitamento, a forrar gavetas e prateleiras ou mesmo a substituir o então desconhecido papel-higiénico na limpeza do "sim senhor". Na televisão vamos fazendo zaping para evitar ou encontrar o Nuno Rogeiro ou outros especialistas do achismo e das táticas e estratégias de guerra.
Mas não! Eventualmente em menor escala, é certo, mas os livros, e sobretudo as editoras e os autores, têm igual tendência ou tentação de ir ao sabor do vento da actualidade. Não, espanta, pois, que nas prateleiras das livrarias, nos escaparates das grandes superfícies ou nas lojas online, o tema da guerra, da invasão da Rússia à Ucrânia e os seus protagonistas, estejam na ordem do dia. De Zelensky a Putin, tudo está ali. Até o "caralho" do José Milhazes, conhecedor da coisa, também escreveu um livro "A mais breve história da Rússia - Dos eslavos a Putin", que dizem estar a vender como pãezinhos quentes com manteiga.
Por conseguinte, quem tem a capacidade de escrever um livro em dois ou três dias pode aproveitar e bem esta "janela de oportunidade" relacionada ao tema. Os livros são assim, iguais a tudo o resto porque, afinal, são feitos por pessoas e em regra com o propósito primeiro de ganhar dinheiro. Ainda como na televisão, o que é feito de forma séria, calma e cultural, isso pouco rende porque não capta audiencias.
Estas coisas só resultam no imediatismo. Quem escrever amanhã sobre a guerra, já vem tarde!