Eis-me aqui, só, neste todo,
No meio de um imenso mar,
Nem sei se de água, ou lodo.
Esperneio, bracejo, em vão,
Sem fundo firme onde ancorar
O medo de afogar na ilusão.
Eis-me aqui, despido, no nada,
Como parido do ventre materno
Sem berço, sem sombra de fada.
Mesmo assim, nesta nudez vazia,
Há um céu para além do inferno
Uma estrela que ilumina e guia.
Não fora isso, essa fundada esperança,
Quem valeria ao homem perdido nas vagas,
Como mãe de braços vazios, sem criança,
Arrebatada por tempestades malvadas?