Os mais novos, e por conseguinte a maioria dos que andam pelas redes sociais, não se lembram de todo, mas em meados dos anos 1970 passava na televisão uma série de humor inglesa, "O regador mágico", do original "Pardon my genie". Grosso modo era um regador que, tal como na lâmpada mágica do Aladino, continha um génio que de lá saía quando era esfregado e concedia o habitual desejo ao seu dono.
Mas este pequeno regador verde, em plástico, nada tem de mágico. A sua magia reside simplesmente no facto de, mesmo sendo pequeno, ter o tamanho certo para nele caber e brincar um pequeno gato, genial mas não génio dos desejos.
Daqui a umas semanas já lá não caberá e perder-se-á a magia.
Esta cena faz-me recuar aos tempos de infância em que na casa paterna existia (e existe) uma daquelas aberturas estreitas e baixas, chamadas gateiras, porque feitas precisamente para por elas entrarem os gatos e assim caçarem os ratos nas lojas (arrecadações) das casas antigas.
Mas nesses tempos de tenra infância, eu conseguia transpor, ladino como um gato, essa gateira, de fora para dentro e vice-versa. É claro que hoje já lá não cabe a cabeça, quanto mais os ombros.
Mas estas coisas, afinal, só ajudam a relembrar que todos nós já fomos pequenos, pequeninos, capazes de entrar e sair por sítios onde só passam gatos.
A vida como ela é, com magia mas sem génios.