Na sequência do caso de suspeição de práticas proibidas por alguns atletas da equipa de ciclismo da W52- F.C. Porto, a imprensa está a noticiar que o atleta João Rodrigues, vencedor do Volta a Portugal de 2019, foi suspenso por sete anos e outros seis colegas ciclistas, entre eles Rui Vinhas e Ricardo Mestre, vencedores da Volta a Portugal em 2016 e 2011, respetivamente, por três anos, pela União Ciclística Internacional.
Ainda não li se a decisão é definitiva ou se passível de recurso.
A propósito, e este é um problema para além de rivalidades clubísticas, o episódio não é novidade e o que não faltam é casos similares no mundo do ciclismo, desde logo à cabeça, o que envolveu o norte-americano Lance Armstrong.
Quando o desporto deixou de o ser, e passou a ser uma indústria de milhões, em que a tentação de vencer a qualquer custo e preço leva a situações destas, tudo deixa de fazer sentido.
E surpreendemo-nos, nós, com estas aldrabices a este nível quando todos bem sabemos que até mesmo entre meros amadores e ciclistas de fim-de-semana há essas tentações de mostrar serviço.
Porque também pedalo e corro, sei de episódios, contados por quem conhece o meio, que para além das vulgares geleias ou gelatinas e outras vitaminas concentradas, para dar poder à coisa, há em alguns grupos partilha de umas certas pastilhitas que dizem dar muito power.
Obviamente que não generalizando, era o que faltava, mas esta prática extende-se também a outras provas e competições amadoras onde não há qualquer controlo sobre o uso de substâncias inadequadas, em que o artista aldrabão supera o atleta que não se mete em tais aventuras.
Quer isto dizer que o desporto é bom, é salutar ao corpo e à alma, na justa medida e peso, mas quando se pretende fazer dele algo mais, como uma demonstração de super-poderes, de fazer e mostrar coisas bonitas, ainda por cima numa época em que o culto do ego está em alta, todos estamos sujeitos a estas tentações, que mais não seja a reboque da curiosidade, do "deixa-me experimentar". Ora todos sabemos que os vícios nascem sempre dessa curiosidade, dessa experimentação.
Pelo sim e pelo não, até porque nestas coisas não tenho de todo um espírito competitvo, de bicicleta ou a correr, mantenho-me fiel à água da torneira, e muito raramente a uma banana.
Quanto a gelatinas, compro-as, mas só para os gatos.