Canastro de espigas douradas,
Que te fez o tempo, amigo?
De chuvas, ventos e geadas,
Foste fiel, fraterno abrigo.
E agora assim, velho, escorado,
Mas ainda seio de ouro a luzir.
És um viajante já alquebrado
Com o destino ainda a cumprir.
Já no campo não cantam as moças,
As desfolhadas já não têm eiras;
Envelheceu a aldeia, já sem forças,
Para outras novas velhas canseiras.
Velho amigo canastro, espigueiro,
Guardador de ouro, lingotes de milho
Guarda-o dentro de ti, companheiro,
Como um pai a proteger um filho.