Dizem as notícias que os Passadiços do Paiva, em Arouca, receberam prémio nos World Travel Awards, tendo sido considerados a melhor atração turística da Europa.
Desconheço quais os critérios, mas espanta-me a classificação, desde logo porque no que toca a passadiços e enquadramentos naturais e paisagísticos há obviamente muito melhor na Europa, em Portugal e até mesmo no território de Arouca.
Mas estas coisas de gostos parece que não são discutíveis e por isso estes prémios valem o que valem quanto à sua justeza. Valem, obviamente, porque dá mais notoriedade internacional e reforçará a massificação de visitantes ao local, com todos os prós e contras.
Pela parte que me toca não sou apologista da política que tem vindo a ser seguida por Arouca. Valorizar o existente, as mil facetas de um território paisagisticamente riquíssimo, sim, mas fazer disso um parque de diversões, acrescentando-lhes pingarelhos como a ponte, é francamente exagerado. O que virá a seguir?
Ademais, Arouca tem tido algum desenvolvimento mas continua com enormes assimetrias, ainda com pouca rede de água e esgotos e com estradas miseráveis. Na Freita continua muita coisa por fazer e valorizar, nomeadamente na reflorestação.
De resto sobre esta disparidade, não resisto a reproduzir um comentário ao prémio, de alguém que conhece e vive a realidade da Serra da Freita, como poucos, a Teresa Markowsky Maré:
"...se olhassem mais pela serra da Freita e nos dessem, ao movimento Gaio, uma pequena ajuda para recuperar o que ardeu, plantando árvores nativas, criando prados de flores para os polinizadores, cuidando das turfeiras, criando bebedouros para o gado não andar a cagar e mijar mas zonas de nascente dos rios... proibindo plantações de eucalipto em zonas de rede natura e o corte de árvores nativas centenárias.... a Câmara dê Arouca está de costas viradas para a serra e todos os problemas que lá existem.