21 de outubro de 2022

Quadro cinzento



No céu da velha Europa

Há névoas a amortalhar a plenitude

Da liberdade conquistada,

De cada homem, mulher, criança,

Como se toda fora vã a esperança,

A de viver, somente viver.

Já não há neste jardim a quietude

De uma rosa fresca cheirada,

De uma carícia desejada,

De um sol morno pela manhã,

De um retempero fraternal.

Há uma ânsia desmedida

A de ceifar a vida, a esborratar

A frescura de um desenho infantil,

Devastando as coloridas flores mil

Pintando um triste e vil excremento

Num quadro só de cinzento.