Num tempo de coisinhas politicamente correctas, andamos a criticar todo e qualquer acto de descriminação, xenofobismo, racismo, etc, apelando a princípios de civilidade e inclusão. Em suma, respeito.
Todavia, pelo que li e ouvi, um futebolista português ao serviço de uma equipa estranjeira, terá sido assobiado durante todo o tempo em que actuou num certo estádio, ofendido e desrespeitado, incluindo com a exibição de uma tarja insultuosa à sua vida pessoal.
E qual o pecado de tão vergonhoso tratamento: O de apenas, no exercício da sua profissão e liberdade, ter sido, antes do seu actual clube, um jogador de uma equipa rival.
Este tipo de comportamento, que é transversal ao nosso futebol e a alguns clubes ditos grandes, é de todo intolerável, porque comporta sentimentos de rancor e mesmo de ódio, de forma gratuita e sem qualquer motivo maior. Custa a crer que pessoas civilizadas, jovens ou adultos, vão para um estádio de futebol com comportamentos indignos como se a uma tribo se desculpe toda a animalidade, não para ver o espectáculo ou apenas para apoiar e incentivar o seu clube, mas para insultar um atleta tratando-o como um reles e indigno criminoso.
E andamos todos a assobiar para o ar e a dizer com o peito cheio que somos este ou aquele clube, no fundo a pactuar com estes comportamentos.
Vai sendo tempo de as coisas irem mais além no que toca a consequências. Há limites, e o que se viu já não é so rivalidade, mas fanatismo do mais primário, porque mesmo a rivalidade deve assentar sempre no respeito pelos adversários.