Mas porque carga de água tenho eu que agradecer ao Fernando Santos, agora que deixou o cargo de treinador da selecção de futebol?
Fez ele algo de notável que mudasse a vida concreta dos portugueses? E fê-lo de graça, num exercício de generosidade e altruísmo?
Tanto quanto saiba, foi ele sempre muito muito bem pago para o que fazia. Ganhava mais por mês que uma grande maioria dos portugueses numa vida inteira de trabalho. E não se tem falado, mas quanto levará agora de indemnização?
Alguém agradece particularmente a milhares, mesmo milhões de portugueses, que trabalham com dignidade e profissionalismo no dia a dia, com horários pesados, com esforço e dedicação? Alguém agradece a um médico, a uma enfermeia, a um varredor de ruas, ao homem da recolha do lixo, a um trolha, pedreiro ou mineiro, quando termina o seu trabalho?
Vão-se catar! As coisas são como são, mas é sempre bom que lhes demos não mais que a sua devida importância. Cada coisa no seu justo lugar.
Em resumo, fez um trabalho, com êxitos e com fracassos, mas foi excelentemente pago para isso. O país nada lhe deve.
Que seja feliz, tenha vida e saúde, mas mais do que isso soa a moléstia. Não é questão de inveja ou coisa que lhe pareça, mas há gente bem mais merecedora do nosso agradecimento. O futebol, por mais que o pintem, será sempre uma banalidade, um entretenimento.