Há já algum tempo escrevi aqui um apontamento em que abordei a questão relacionada ao rio Ul e rio Antuã e a confusão que existe sobre a identidade de parte dos seus troços a jusante ao seu ponto de confluência.
Sendo que por ora vai prevalecendo a versão de que o rio Ul é aquele que nasce em terrenos localizados entre a aldeia de S. Mamede, da freguesia de Fajões do concelho de Oliveira de Azeméis e de Monte Calvo, da freguesia de Romariz do concelho de Santa Maria da Feira, por estes dias dei por ali uma caminhada no sentido de verificar no próprio local o ponto onde é dado como seu nascimento.
Assim, deixando o carro na Rua Dr. Albino Soares dos Reis, junto às alminhas da Terrenha e do novo viaduto sobre o troço da variante Feira-Arouca, descendo a estreita estrada designada de Rua do Souto, de norte para sul, logo ali no fundo se depara com o rio que cai uns metros num barroco fundo, descendo depois de sul para norte pelo lugar de Monte Calvo. No lado oposto da estrada é possível verificar que para além de um troço em regueirão que desce pela berma da Rua do Souto, há águas que vêm debaixo dos campos do lado nascente. Seguindo para cima com o tal regueirão na borda esquerda da estrada, correndo em parte em conduta de meia cana em cimento, um pouco mais a sul o curso inflecte para dentro dos campos e para nascente e logo depois acompanha um caminho. À frente, vê-se que há ali uma junção de águas, vindas do lado nascente acompanhando o caminho e ainda do lado sul num barroco que inflecte para sul. Neste cruzamento de águas, um pouco para norte e já dentro dos campo, há ali uma grande presa que parece colher a maior parte das águas da referida junção e segue para noroeste a descoberto, durante alguns metros na borda do campo, e depois continua já de forma aparentemente canalizada e que irá desembocar precisamente no ponto da Rua do Souto onde a atravessa.
Assim, seguindo o tal barroco para sul, logo depois existe ali um ponto onde está afixada uma chapa com a inscrição "Nascente Rio Ul". Ora na verdade, apesar da boa vontade de quem ali colocou a placa, não se pode considerar de todo como sendo aquele ponto a nascente do rio Ul, até porque ainda um pouco mais a sul, existe uma caixa onde no seu fundo se vê água canalizada pelo menos de duas direcções.
Ou seja e em resumo, o tal ponto assinalado, é apenas uma referência e nem sequer se refere ao ponto onde todas as águas se juntam para formar a partir dali o rio Ul. Faria mais sentido que a tal placa se localizasse junto á estrada que é atrevessada já que ali se juntam as águas vindas do lado sul e do lado nascente por debaixo dos campos. Será dessa confluência de águas vindas de vários pontos que se pode considerar como formado o rio que segue a partir dali bem definido.
Assim, do que é possível observar no local, e tal como acontece com muitos rios, grandes e pequenos, estes são o resultado de ajuntamento de águas vindas de vários pontos, e no caso do lado sul e nascente, da encosta do monte de S. Marcos e mesmo do lugar de S. Mamede onde ali existe uma fonte e que certamente as suas águas vão acabar por desembocar mais abaixo ao tal ponto de ajuntamento.
Seja como for, mesmo que com diferentes nascentes, é naquela zona de amplos campos agrícolas que se reunem as águas que vão dar origem ao rio Ul.