Andamos há mais de um ano, quase todos revoltados com a invasão e consequente guerra entre a Rússia e a Ucrânia e todos os dias ficamos chocados com as consequências, nomeadamente no que representam para os ucranianos e para a sua sociedade civil. Mas naturalmente também para os efeitos negativos para a própria Rússia, a invasora, desde logo pelos pais, esposas e filhos dos milhares de soldados que dizem já ter perdido a vida. Em consequência, mesmos os mais comedidos desejam que a esse filho da Putin lhe desse uma caganeira de tal ordem que o imobilizasse permanentemente em cima da sanita sem poder dar ordens aos seus, muitos, animais da guerra.
Infelizmente, prova-o a História, que os grandes déspotas e desiquilibrados, para além de lhes ser indiferente todo o sofrimento que provocam aos seus próprios povos e ao mundo em geral, são como os gatos e têm vidas longas. Raramente são condenados à posteriori e mesmo que o fossem poderiam viver 100 vidas que seria insuficiente para pagarem tamanha maldade.
Mas, ressalvadas as devidas distâncias, infelizmente a nossa sociedade, mesmo a dita ocidental e civilizada, anda cada vez mais preconceituosa e atada a uma vivência baseada em valores politicamente correctos que tresandam a ridículo e falta de bom senso. Como mero exemplo, atente-se no recente caso da reacção de alguns pais nos Estados Unidos com a mostra numa aula escolar da estátua de David, de autoria do reconhecido mestre da Renascença, Miguel Ângelo. A professora responsável pela ousadia de mostrar artem teve que se demitir. Coisa mais absurda e ridícula, tanto mais num país onde se vendem e compram armas como quem compra rebuçados na loja da esquina e onde têm uma cultura de cinema e televisão onde abundam a violência e pornografia.
Serve este introdução para dizer que, apesar disso, o que não faltam por aí, por ali e por aqui, é gente indigna de ser classificada como tal. Autênticos filhos da Putin, pequenos ou grandes ditadores que vão andando na vida apenas para... (como é que hei-de escrever isto?)...para foder os outros! É isso! Apenas para foder os outros, como se a eles não devessem as elementares regras do respeito e civilidade.
Mas eu explico, com apenas dois exemplos: No lugar de Estôse, nesta nossa querida freguesia de Guisande, a Hortência herdou de seu pai umas pequenas leiras, em forma de meia-lua, na encosta do pinhal, com uma latada de videiras de vinho branco a toda a volta, constituída por esteios em betão armado. Infelizmente, porque as autoridades autárquicas, locais e municipais deixaram completamente de lado as responsabilidades de manter os velhos caminhos limpos, livres e transitáveis, mesmo que para tractores, tornou-se quase impossível à Hortência poder chegar-se à beira das suas leiras para delas cuidar com regularidade. Assim, mesmo quando lá vai pelo final de Setembro ver se os castanheiros produziram castanhas, encontra muitos e grandes ouriços mas já sem as castanhas dentro a luzir, porque, lá diz o velho ditado, quem mais perto está da fonte, mais vezes sacia a sede. Por isso, vizinhos ou passantes, encarregam-se, com tempo, da colheita como se deles fora o souto.
Face a esta dificuldade prática de acesso, passam-se meses sem que a Hortência por lá passe e naturalmente que as silvas vão tomando conta do espaço. Mas, seja como for, as leiras têm dono, são da Hortência, pelo que não são maninho.
Ora por estes dias, a Hortência foi alertada por um vizinho das leiras para lá ir ver o que aconteceu: Foi e deparou-se com o trabalho de um qualquer filho da Putin, no caso um madeireiro, mau profissional, que abatendo os eucaliptos e carvalhos do prédio vizinho, do lado de cima, pela lei do menor esforço mandou algumas árvores para cima das leiras destruindo parte da latada, partindo esteios e arames e deixando o campo repleto de ramos de aucalipto e pinheiro.
Claro que a Hortência não foi tida nem achada para um prévio pedido de autorização, de desculpas ou mesmo algo a que cheirasse a uma justa indemnização. Um filho-da-puta é sempre um filho-da-puta e por isso respeito e consideração pela propriedade dos outros é coisa que não preocupa a muitos. Acabado, mal, o trabalho, rabinho entre as pernas e deram de frosques os artistas.
É claro que a Hortência, depois de algumas diligência chegou ao contacto e já falou com o proprietário do pinhal, em primeira análise o responsável directo. Ora este dizendo desconhecer o vendaval, comprometeu-se a passar no local para se inteirar e a pedir satisfações ao madeireiro, mas o mais certo é que este ainda se trave de razões e a coisa fique por ali.
Bem pode a Hortência fazer queixa às autoridades e se ainda houver um pingo de respeito por parte da Justiça pela defesa da propriedade privada, a proprietária ou o madeireiro (depois que se entendam) hão-de pagar as cabras ao dono, como quem diz, no mínimo fazer a limpeza das leiras e repor a latada conforme estava antes de ser destruída. Mas isto de reclamar justiça, bem sabemos como é, porque formatada para ricos e jogos judiciais, pelo que é como diz o outro: "esperar sentado".
Dentro da mesma filosofia de filha-da-putice, por uma coincidência do caraças, um pouco a sul, à face do caminho que vai dar ás tais leiras da Hortência, na borda de um pinhal e mato, o dono terá mandado cortar o arvoredo a varrer, mandou revolver o terreno e fazer uma plantação de eucaliptos. Tudo bem e tudo legítimo não fosse, uma vez mais, a filha da putice de quem fez o trabalho, ter dado cabo de uns metros do caminho tornando-o intransitável, mesmo para um pequeno tractor, pois com a acção da maquinaria pesada ali ficaram uns enormes sulcos no caminho por regularizar, o que até teria sido fácil. Lá se deu o trabalho por concluido e repor o danificado, já fostes!
Dito e feito, em resumo, o que não faltam por aí é filhos da Putin ou mesmo, á letra, filhos-da-puta, sempre prontos a desrespeitar os outros. E tudo isso sem um assomo de vergonha ou peso na consciência. Portanto, mesmo que com guerras de outro calibre, não será tanto de surpreender que as coisas andem como andam, numa permanente falta de respeito, seja entre nações seja entre cidadãos.
É o que temos e as perspectivas de melhorias são reduzidas porque já há poucos ou nenhuns motivos para acreditar na bondade das pessoas.
Peço desculpa pela linguagem contudente, mas começa a faltar a paciência.