Bem sabemos que nos tempos que correm, em que os média, termo moderno para os órgãos de comunicação social, competem entre si por audiências e lucros dos grupos empresariais a que pertencem, numa guerra onde vale quase tudo, a deontologia e a ética profissionais têm o valor e uso do papel higiénico.
Neste triste contexto, não surpreende que ainda hoje, no jornal da tarde da TVI, na peça de reportagem sobre o encontro de Bolsnonaro e Trump no congresso de conservadores nos Estados Unidos, o jornalista que comentava a coisa fosse de uma autêntica parcialidade, não se coibindo de adjectivar ambos os políticos e a suas posições.
Eu também acho que o Donald e o Jair são dois populistas, dois broncos e dois palermas, mesmo que apenas sob um ponto de vista político, mas isso é o que eu acho. Já ver e ouvir um jornalista a ter esse tipo de apreciação quando deveria ser isento, relatar o evento e não exprimir pontos de vista pessoais, é que não lembra ao diabo. Neste ponto, o jornalista e quem o emprega não são de todo melhores que os broncos do Trump e Bolsonaro. São apenas farinha do mesmo saco.
Mas é o que é, e já não podemos ter na comunicação social os valores da insenção e imparcialidade. O populismo também afecta os pulmões e o cérebro de muitos dos nossos ditos jornalistas. Não são para levar a sério, tal como a Bolsonaro e a Trump.