À custa do processo de registo online dos prédios rústicos, designado de BUPi - Balcão Único do Prédio, generalizou-se o conceito de levantamento topográfico, sendo que para muitos proprietários tal designação ainda é uma coisa abstracta, tal como estar a olhar umas pinceladas anárquicas de Picasso ou Miró e ver ali nos seus quadros algo de objectivo.
Noutros tempos, mas também ainda hoje, a medição de um terreno era realizado com recurso a fita métrica, quando não era a passo, por isso um método expedito e sem grande rigor. Pode até ser feito com um rigor apreciável mas isso exige recurso a triangulações e alguns procedimentos técnicos adequados o que é quase impossível sobretudo em terrenos florestais, muito ocupados com árvores e vegetação e também com declives acentuados. Resulta destes métodos de medição que na maior parte das matrizes prediais as áreas nelas registadas não correspondem de todo à realidade.
Com o passar dos anos as tecnologias de medição de terrenos foram conhecendo grandes progressos e com os teodolitos mecânicos já ultrapassados, hoje em dia existem estações totais sofisticadas, robotizadas, com leituras por laser e infra-vermelhos, sistemas de GPS e mesmo com recurso a drones, a fotogrametria e sensores LIDAR, nomeadamente para levantamento de edifícios e monumentos.
Em todo o caso, para os menos entendidos, fica de seguida uma descrição geral e suscinta do que é um levantamento topográfico.
Um levantamento topográfico é um processo de recolha de dados rigorosos e detalhados sobre um terreno, de maior ou menor dimensão e as características geográficas de uma área específica, incluindo as elevações, declives, contornos, dimensões e posições de objetos naturais e elementos urbanos como construções, ruas, etc. O objetivo do levantamento topográfico é produzir um mapa ou planta topográfica com modelo precisos e detalhados da área em questão. A partir do levantamento topográfico, para além da obtenção da área do terreno e da sua configuração geométrica, e dos dados de altimetria recolhidos é possível gerar perfis e secções, calcular volumes de aterro e desaterro, importante sobretudo em construção de estradas.
O processo de levantamento topográfico actualmente envolve o uso de equipamentos de medição como estação total, GPS, níveis, teodolitos, drones, entre outros. Esses equipamentos são usados para medir a altitude, a posição e outras características da superfície terrestre.
Os resultados de um levantamento topográfico são usados em várias áreas, incluindo engenharia civil, arquitetura, planeamento urbano, agricultura, explorações mineiras e de recursos naturais como petróleo e gás e muitas outras áreas que requerem informações precisas sobre o terreno e as características geográficas.
Depois de realizado o levantamento de um terreno, este pode ser georreferenciado, como no BUPi, o que significa que é introduzido num certo sistema global de coordenadas que se refere ao posicionamento correcto de uma parcela de terreno no território. De resto o sitema de coordenadas e posicionamento no território, num pa´si e no globo terrestre, é o princípio base de um sistema de GPS, que em português significa Sistema Global de Posicionamento.
Por tudo isto, um levantamento topográfico bem realizado, dependendo do objectivo mas ainda que apenas confinado à obtenção da área, configuração geométrica e georreferenciação, o que interessa ao BUPi, tem sempre um custo significativo o que em muitos casos, e sobretudo tendo em conta terrenos florestais e agrícolas mal localizados, com deficientes acessos e com declives acentuados, o seu valor pode ser superior ao dos próprios terrenos medidos.
Assim, objectivamente, muitos terrenos nessas condições se dados são caros, porque ao seu baixo rendimento agrícola ou florestal, decorrente de fraca localização e difíceis acessos, somam-se as despesas de limpeza anual para além da susceptibilidade a incêndios que por estes tempos vão sendo uma praga, seja de origem natural ou criminal como é na maior parte dos grandes incêndios.