O futebol não se livra dos casos identificados como "racismo". Agora mais um, mediático, a envolver o futebolista do Real Madrid, Vinicius Júnior, insultado por adeptos adversários no jogo com o Valência.
Sinceramente, não sei se considero isso como racismo no verdadeio conceito do termo, mas se tão somente rivalidade levada ao extremo e dela a má educação, falta de respeito, facilidade e impunidade com que ainda se continua a atingir os outros, sejam eles jogadores, árbitros, dirigentes ou adeptos. Esta cultura de ofensa gratuita já é assimilada na própria rivalidade entre grandes clubes e a questão do racismo acaba mesmo por ser menor, até porque hoje em dia qualquer clube de futebol ou de outra modalidade tem tantos brancos como negros. Não é de todo por aí.
Se quisermos, esta cultura da ofensa já nos vem de pequeninos. Nos jogos distritais as provocações e ofensas, aos árbitros e jogadores e até aos adeptos forasteiros, porque geralmente em menor número, eram consideradas normais. Assim chamava-se tudo e mais alguma coisa: Termos como, filho da puta, corno, boi, monte de merda, cabrão, animal, paneleiro, etc, etc, eram o normal. E a coisa era a eito e as consequências eram em rigor nulas porque onde havia autoridades estas não queriam incómodos e os ofendidos raramente pediam a identificação dos ofensores.
Por conseguinte, chama-se preto ou macaco a um negro não por uma especificidade racista de fundo mas no geral apenas ofensiva. Ora quem ofende gratuitamente fá-lo nos termos que considera serem mais duros e incisivos para os ofendidos.
Em resumo, eu próprio me considero anti-racista mas entendo que há nesta classificação muito exagero porque o que de facto está em causa é um mal muito mais amplo e generalizado que, como disse, é de má educação, fundamentalismo no conceito de adversário e rival e em muito pelo tal sentimento de impunidade porque, sobretudo nas bancadas de um jogo de futebol, quem ofende sente-se anónimo e protegido entre uma multidão composta pelos da sua facção. Quem é que como adepto não é ofendido no meio da claque adversária? Experimente um portista ir equipado com as cores do seu clube para o meio da claque dos "No Name Boys" ou um adepto benfiquista ir equipado de encarnado para dentro da claque dos "Super Dragões". Serão ambos respeitados na sua diferença? Tretas! No extremo poderão ir para o hospital. Se o adepto em questão for negro no meio de brancos será racismo? E se for branco entre maioria de brancos será o quê?
Assim sendo, ou não, vamos andando nisto e casos como este em Espanha é apenas mais um, como já foi em Portugal, na Itália, França, Inglaterra ou em qualquer país ou sítio onde haja adeptos em jogos de futebol e mesmo de outras modalidades.
E não pensem que estes maus exemplos acontecem a um nível profissional e mediatizado, mas até mesmo em jogos distritais e amadores e já nas camadas mais jovens. Insultos entre adeptos, pais e treinadores, são coisa comum.
Podemos ter irradiado ou controlado a violência física nos estádios, chamada de hooliganismo, mas a violência verbal ainda continua bastante activa, nomeadamente no meio de algumas claques. É pois necessário combater a violência como um todo e a verbal é igualmente condenável.
Mas lá vamos batendo na tecla do racismo porque dá jeito a algumas agendas.