Somos, de facto, enquanto portugueses, um verdeiro caso de estudo, como dira o inglês, " a caise studi ". Somos o que somos, filhos de um país com uma economia com uma imensa dívida pública, que não será liquidada nem no tempo dos nossos tetranetos, em que notoriamente vivemos acima das nossas reais possibilidades, com um grande défice externo, com um governo que apesar da maioria absoluta em pouco mais de um ano de governação já vai na 13ª demissão de seus membros, ministros e secretários de estado, com o SNS a rebentar pelas costuras e doente de uma agudite aguda provocada por ideologia crónica, com a educação em permanente greve, com as forças armadas desarmadas, com sorvedouros de milhões e milhões como a TAP e CP etc, etc. Um verdadeiro caos. Tem, naturalmente coisas boas e gente dedicada que rema contra a maré. Mas no geral, se há um bom (ou mau) exemplo para os extremos do "8 e o 80", Portugal ocupa o pódio.
Apesar disso e por isso, ainda afectados pela alta taxa de inflacção, ordenados e reformas baixas (excepto uma certa classe do funcionalismo público), jovens com baixas expectativas profissionais, com empregos mal pagos e com um alto índice de desemprego, quase sempre e literalmente "a cagarem e a tossir", todavia, porém, no entanto, não obstante, vivemos com ares de fartazana, como se tivéssemos petróleo e jazidas de gás na costa, ouro e diamantes nos montes. Enchemos restaurantes e hotéis, fazemos viagens e férias no estrangeiro, com a mesma facilidade como quem vai a Ermesinde, vamos a eventos em quintas e quintarolas, pagamos para correr nos milhentos eventos de corridas, entupimos os milhentos passadiços e, porque está calor, pagamos e enchemos tudo quanto é festival de música. Tudo o que for divertimento, mesmo que a pagar forte e feio, lá estamos na boa, de copo na mão, calção e chinelas, charro na boca, sorvendo cheiro a erva e a suor e a fazer mosh, uma verdadeira "gót comunité", como diria o inglês.
Ora digam lá que não somos, de facto, um "véri caise studi"?
É claro que, de uma forma ou outra, quem paga a factura são os cotas, os velhos, os certinhos, aqueles que não tiveram escola obrigatória até aos 30, os que analfabetos ou apenas com a quarta classe começaram a trabalhar aos 11 e 12 anos, os que fizeram o serviço militar obrigatório, os que tomam conta dos filhos até serem velhinhos e os que tomam conta dos pais porque velhinhos são. Os que descontaram para a caixa durante 40 e mais anos, os que andaram a pé, de bicicleta ou motorizada até já depois de terem filhos e netos porque estes são mais bocas a alimentar na casa e querem carta e carro sem terem um tusto no bolso, até porque está lá o telemóvel, etc, etc. Naice!
Ou seja, um bom exemplo de que por cá, como noutros lados parecidos (se é que há), anda literalmente meio mundo a trabalhar para a outra metade ou, mais prosaicamente, meio mundo a foder outro meio. Para quê trabalhar se o estado social, pago pelos cotas das gerações de 40, 50, 60 e 70, dá casa, ordenado e formação para entreter? .oda-se!
Assim não vamos lá, pois não, mas como diria o tal inglês, "us quere?"
Divirtam-se! Injói!