Está na ordem do dia o evento da Jornada Mundial da Juventude que decorrerá na cidade de Lisboa já na primeira semana do mês de Agosto deste ano de 2023. Espera-se a presença do papa Francisco e a participação de mais de um milhão de jovens peregrinos provenientes de todo o mundo. Antes, uma semana, decorrerão as pré-jornadas em que largos milhares de jovens serão distribuidos pelas diferentes dioceses e paróquias, mesmo em contexto de convivência com famílias de acolhimento, num contacto mais próximo com as realidades de cada comunidade. Cá por casa estou igualmente à espera de acolher dois desses jovens.
Nesta onda relacionada à juventude, aos seus desafios e anseios, salta-nos à memória um importante acontecimento também relacionado aos jovens de então, onde me incluia, concretamente o Ano Internacional da Juventude em 1985. De resto, dentro da sua comemoração, em 31 de Abril realizou-se em Roma - Itália, no Vaticano um Encontro Mundial de Jovens e que de certo modo veio dar lugar às jornadas mundiais da juventude, com a primeira edição a ocorrer no ano seguinte (1986), também em Roma.
O Ano Internacional da Juventude (AIJ), ou Internation Youth Year (IYY), decorreu em 1985 e teve como objetivo central abordar questões e problemas relacionados com os jovens a nível internacional. Esta iniciativa foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU e assinada a 1 de Janeiro desse mesmo ano pelo então Secretário-Geral, o peruano Javier Pérez de Cuéllar.
Durante todo o ano de 1985, ocorreram várias actividades em todo o mundo, sob a coordenação do Secretariado da Juventude do Centro para Desenvolvimento Social e Negócios Humanitários, com sede em Viena, Áustria. Mohammad Sharif dirigia esse Secretariado e também ocupava o cargo de Secretário Executivo do Ano Internacional. O evento foi presidido por Nicu Ceauşescu, filho do ditador romeno, Nicolau Ceauşescu.
Embora não tenha organizado eventos específicos sobre este tema, o Secretariado para o Ano Internacional da Juventude contribuiu para o sucesso deste acontecimento, através da colaboração na realização de diversos encontros, tendo como lema "Participação, Desenvolvimento e Paz".
O principal evento da ONU durante o Ano Internacional da Juventude foi o Congresso Mundial da Juventude, organizado pela UNESCO, realizado em Barcelona de 8 a 15 de julho de 1985. Neste congresso, foi emitida a Declaração de Barcelona, um importante documento que resultou desse encontro.
Por cá, recordo-me de participar em vários eventos promovidos a nível vicarial e diocesano, incluindo a realização de um festival da canção de temática a propósito, onde também fiz parte do grupo de jovens cá da paróquia, tendo então a nossa canção vencido a nível vicarial, com o festival realizado na paróquia do Vale e depois com direito a participar na final a nível diocesano num encontro memorável para os largos milhares de participantes que decorrer no Palácio de Cristal no Porto, em 30 de Junho de 1985. A canção vencedora dessa grande final foi a de Arouca pelo Grupo de Jovens de Rossas.
Ainda hoje alguém partilhou um vídeo dessa jornada no Porto onde lá estamos a actuar. Pena que a imagem seja de fraca qualidade mas mesmo assim revela-se um precioso tesourinho. Nessa altura não havia nas mãos de cada jovem, como hoje, potentes telemóveis com câmaras de fotografia e vídeo. Bons tempos!
Mas sendo que os músicos, onde me incluia, com o Higino, o Mário Silva, o Rui Santos e o Quim do Lago, estão mais discretos, já as raparigas, a São Almeida, a Laida Moreira, a Guida Cardoso e a Preciosa Gonçalves, estão bem mais expostas. Bons tempos!
Boas memórias, desde logo porque também eu era jovem, ainda a cumprir serviço militar obrigatório, mas apesar de decorridos quase 40 anos os jovens, embora com realidades e contextos diferentes, mesmo tendo tudo e não tendo nada, continuam a ter pela frente desafios sociais, culturais, religiosos mas também existenciais. Enfim, é uma luta que não termina e que dará sempre pano para mangas para anos internacionais, jornadas da juventude e outros eventos que tais, sem que algum dia sejam atingidos todos os desafios que se colocam permanentemente e em cada instante aos jovens. Estes, como eu e muitos da minha geração, acabarão por envelhecer e em rigor, talvez pela natureza das coisas, daqui a 40 anos parecerá novamente que nada mudou.
Mas, de minha parte e relativamente ao AIJ ficam a memória e os testemunhos de um ano e acontecimentos marcantes. Creio que indelevelmente sucederá o mesmo para os actuais jovens que daqui a semanas viverão a Jornada Mundial da Juventude 2023.