Decorreu na tarde de hoje a apresentação pública do livro de autoria de Carlos Cruzadas (Carlos Cruz), no qual traça a biografia de Justino Cruz, um ilustre filho da terra, de Labercos - Lomba - Gondomar, seu conterrâneo e parente. O biografado é emigrante de longa data na Alemanha, com uma forte ligação ao mundo da filatelia, ou seja, do coleccionismo de selos postais, sendo nessa área um reconhecido especialista, não só nesse país germânico mas também em Portugal, tendo sido co-fundador do Clube Filatélico Português, em 1975, e seu presidente honorário desde 1995. Detém a medalha honorária da cidade de Estugarda - Alemanha.
Apesar de ilustre e reconhecido entre os seus pares, o autor, Carlos Cruz, considerou que era de justiça trazer esse reconhecimento exterior também para junto das suas humildes origens, ou seja na sua aldeia natal. Daí o livro e o registo biográfico.
Foi assim, num clima muito intimista e informal que decorreu a apresentação, enriquecida com leitura de poesia e momentos musicais. No final, depois das palavras de reconhecimento do biografado, que também se expressou em alemão para alguns dos presentes vindos da Alemanha, aconteceu o tradicional Porto de Honra e venda de exemplares do livro e sessão de autógrafos e dedicatórias por parte do homenageado.
Para mim foi prazeroso estar presente e, sem contar, tive o privilégio de ser convidado pelo Carlos a ler um poema.
Mesmo que sem sermão encomendado e de forma muito espontânea, aproveitei o ensejo para deixar algumas palavras onde procurei enaltecer o momento e os intervenientes, o Carlos e o Justino, lembrando aos presentes o orgulho e importância que devem ter por esses filhos da terra. O Carlos, como disse, mesmo que já com mais anos de vivência na freguesia de Guisande do que na sua terra natal, nunca de desprendeu das origens, das raízes e cepa da árvore que o moldou naquilo que é na sua génese. Quando muito, foi um ramo transplantado para Guisande e dessa forma continua a dar frutos em dois terrões diferentes.
Por conseguinte, salientei que uma terra pode ter coisas bonitas mas vale essencialmente não por aquilo que é mas por aquilo que tem e nesta equação as pessoas e os seus valores são o mais importante. Resulta disso, mesmo que em funções e rumos de vida diferenciados, o Carlos e o Justino, ambos Cruz, representam o que de bom pode ter uma terra, os seus filhos, as suas árvores humanas. Uma comunidade deve, pois, cuidar das suas árvores para que delas resultem frutos comuns e partilhados.
É certo que, infelizmente, estas coisas nem sempre são apreciadas pela generalidade das pessoas e tantas vezes mesmo por quem, pelas suas responsabilidades e deveres institucionais, deveriam olhar de forma positiva e valorativa e serem elas próprias os cultivadores destes momentos e guardiões desses testemunhos para a posteridade. Mas, apesar dessa insensibilidade, importa avançar, mesmo que remando contra algumas correntes e ventos adversos. Como um rio, interessa sempre chegar ao mar.
Parabéns, Carlos!|